terça-feira, 20 de março de 2018

memórias literárias - 635 - MELANCOLIA

MELANCOLIA...

635
Oh, outono indesejado,
Que me deixa tão cansado!
Tardes de azul escuro,
Sombra a cobrir o muro,
Brisa tão fria e triste,
Como um dedo em riste,
Apontando-me o avanço
Da dormência no remanço,
Da melancolia das tardinhas,
Das saudades de Carminha,
Da coberta que me envolve
E do calor que me devolve!
Outono das lágrimas sentidas,
Das etapas já vencidas,
Do entardecer na pracinha,
Do escurecer à tardinha,
Das folhas que secam e caem,
Das pessoas que da vida saem
Do tempo que não é criança,
Que cria na mente a lembrança
E no coração a dor ardida
Da chegada e da partida,
Dos que se despedem de nós
E dos que ganham a voz!
Outono é pensamento,
É o desfrute do momento
De sentir com profundidade
A amargura da saudade
E lembrar-se com ternura
Da bênção, da vida, da cura,
De celebrar cada instante,
Do cuidado tão constante
Com que Deus nos acercou.
Ele nunca nos faltou!
E agora novamente
Outro outono em nossa frente!
O outono é uma graça
Nas tardes frias da praça
Ou na sala de estar,
Ao ver a vida passar.
Mas maior ventura terei
Melhores canções ouvirei
Se ao Senhor de toda a vida
Em minha mente eu der guarida
E a Sua voz, cheia de glória
Proclamando a grande vitória
Da fé diante da tribulação
E da graça de tão grande salvação!
Um ano bem completo,
De fartura, bem repleto,
Tem as quatro estações.
São da vida as feições,
Retratos de um viver,
Neblinas do amanhecer,
Calor do meio dia,
Verão de alegria,
Entardecer do outono,
Tempo de sentir o sono,
E a chegada do inverno,
Quando o abraço é tão terno!
E por fim a primavera,
Alegria que nos espera
Ao ver o campo florescer.
Será um lindo amanhecer!
No verão é tudo intenso,
Eu quase nem penso!
No outono eu não percebo
Que a alegria virá bem cedo,
Assim que o inverno passar
E todo o frio se dissipar.
Primavera de felicidade
A suprir a necessidade!
E ela virá certamente,
Fará crescer novamente
As folhas que agora caíram,
Cobrirá as copas que sumiram
Com um verdor bem espesso.
Por isso, Outono, eu te recebo,
Mesmo que o ar frio me fira;
Sua presença não tira
A minha esperança futura,
A certeza de que da altura
Há um Deus que controla
E que a alma consola.
Seja bem-vindo, Outono!
Wagner Antonio de Araújo

20/03/2018

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