quinta-feira, 29 de março de 2018

memórias literárias - 642 - SE A CRISE APARECER

SE A
CRISE
APARECER...

642
Se você é um cristão (arrependeu-se dos pecados e firmou a sua fé apenas em Cristo como Senhor e Salvador, servindo-O em uma igreja dEle), mas atravessa crises (financeiras, emocionais, físicas, espirituais, judiciais, existenciais), LEMBRE-SE:

1. DEUS É SOBERANO - Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há Salvador. (Is 43:11); E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. (Mt 28:18)

2. TUDO É PARA O NOSSO BEM - E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. (Rm 8:28)


3. NO FUTURO ENTENDEREMOS O PORQUÊ DA CRISE - Respondeu Jesus, e disse-lhe: O que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois. (Jo 13:7)

4. DOENÇAS NÃO SÃO DEFINITIVAS  - E disse: Se ouvires atento a voz do SENHOR teu Deus, e fizeres o que é reto diante de seus olhos, e inclinares os teus ouvidos aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, nenhuma das enfermidades porei sobre ti, que pus sobre o Egito; porque eu sou o SENHOR que te sara. (Ex 15:26)

5. ALGUMAS ENFERMIDADES SÃO DISCIPLINARES - Eis aí, pois, agora contra ti a mão do Senhor, e ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo. E no mesmo instante a escuridão e as trevas caíram sobre ele e, andando à roda, buscava a quem o guiasse pela mão. (At 13:11)

6. SE A ENFERMIDADE FOR TERMINAL, HÁ UMA RESSURREIÇÃO - Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus. (2Co 5:1); Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também por Jesus, e nos apresentará convosco. (2Co 4:14)

7. CRISES FINANCEIRAS PODEM SER DISCIPLINARES - Semeais muito, e recolheis pouco; comeis, porém não vos fartais; bebeis, porém não vos saciais; vesti-vos, porém ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o num saco furado. (Ag 1:6); Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta nação. (Ml 3:9)

8. OUTRAS CRISES FINANCEIRAS SÃO TESTES DA FÉ - Mas estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face. (Jo 1:11);

9. SE NECESSÁRIO, ARREPENDA-SE E CORRIJA-SE - Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos. (Sl 139:23); Também disse aos levitas que se purificassem, e viessem guardar as portas, para santificar o sábado. Nisto também, Deus meu, lembra-te de mim e perdoa-me segundo a abundância da tua benignidade. (Ne 13:22)

10. A GRATIDÃO É A ARMA DO CRENTE - E disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor. Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma (Jo 1:21-22)

11. O ARREPENDIMENTO TRANSFORMA SITUAÇÕES - E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra. (2Cr 7:14)

12. COM CRISE SE CRESCE - Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. (Fp 4:11); Tomai-vos homens sábios e entendidos, experimentados entre as vossas tribos, para que os ponha por chefes sobre vós. (Dt 1:13)

12. DEUS PODE REVERTER A CRISE - Mas Deus é o Juiz: a um abate, e a outro exalta. (Sl 75:7); Quando estiverdes em angústia, e todas estas coisas te alcançarem, então nos últimos dias voltarás para o SENHOR teu Deus, e ouvirás a sua voz. (Dt 4:30); E assim abençoou o Senhor o último estado de Jó, mais do que o primeiro; pois teve catorze mil ovelhas, e seis mil camelos, e mil juntas de bois, e mil jumentas. (Jo 42:12)

13. UM CORAÇÃO GENEROSO TRANSFORMA A CRISE - Que façam bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente, e sejam comunicáveis; (1Tm 6:18); Ele espalhou, deu aos necessitados; a sua justiça permanece para sempre, e a sua força se exaltará em glória. (Sl 112:9).

14. NOSSAS RAÍZES DEVEM ESTAR NO CÉU, NÃO NA TERRA - Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens. (1Co 15:19); Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. (Cl 3:1)

15. VIVOS OU MORTOS, RICOS OU POBRES, VENCEREMOS - Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória? (1Co 15:55); Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. (Rm 8:37); Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé. (1Jo 5:4)

Com carinho,
Pr. Wagner Antonio de Araújo

29/03/2018

quarta-feira, 28 de março de 2018

memórias literárias - 641 - O CRENTE "BÍBLIA GASTA"

O CRENTE
"BÍBLIA GASTA"
 
                
 
 
641
 
Elaine, Rutinha e eu tentávamos hoje chegar até a igreja onde sirvo ao Senhor atualmente (Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuíba, SP, Brasil) e não pudemos. O trânsito estava impossível. Só rodamos por alguns quarteirões e regressamos para a garagem. Fui ao bagageiro pegar a minha bíblia e lá não estava; Elaine estava com ela ao colo e deu-ma. Então falei-lhe: "Pois é, querida, a minha Bíblia está bem gasta; parece que está cada vez melhor." E completei: "Assim também é o crente fiel: quanto mais gasto, mais experiente".
 
Assim é a vida cristã: quanto mais tempo de vida com Deus, maiores experiências ganhamos e maior sabedoria adquirimos.
 
No início, quando entregamos o coração para Jesus, tudo é novidade, tudo é lindo, tudo é novo. Igual as bíblias novas que adquirimos: beiras douradas ou vermelhas, capa novinha e sem sujeiras, páginas limpíssimas, sem um amasso sequer. Dá gosto olhar para ela. Quando somos crentes novos tudo é festa: enxergamos os crentes como pessoas sem problemas e sem manchas; a igreja é o melhor lugar do mundo; os hinos fazem o Céu descer à Terra e não há coisa mais bela do que a vida nova que recebemos do Pai.
 
O tempo passa e a bíblia vai sendo gasta (há quem não a leia e a mantenha intacta; ela fica nova, porém, inútil...). Começamos a romper as beiradas douradas, a abrir páginas outrora coladas, a fazer orelhas, a amassar pelo uso. Já não está tão nova, tão bonita quanto era; mas, por outro lado, como nos é útil! Assim também é o viver cristão. Aprendemos que os crentes têm problemas e muitos têm manchas. Aprendemos que a igreja nem sempre é o melhor lugar do mundo. Aprendemos que muita música cantada não corresponde à vida vivida e quem canta às vezes não vive. Mas nem por isso deixamos de valorizar a vida nova que o Pai nos deu.
 
Passa o tempo e a bíblia perde o brilho, perde o verniz, perde a beleza de um livro novo. Contudo, em suas páginas diversas, vamos escrevendo aquilo que Deus nos ensina. Marcamos textos, anotamos idéias, colocamos datas, grifamos, e, não raras vezes, sujamos inadvertidamente o livro, seja com uma xícara de café que vazou, seja com um pedaço de bolo que caiu na página, seja com a terra ou com a água do ambiente. A minha bíblia, por exemplo, chegou a encharcar-se quando fiz um aconselhamento debaixo de chuva.
 
Também a vida cristã é assim. O primeiro amor se vai. Aquele ânimo, o entusiasmo característico de quem nasce de novo perde-se com o passar do tempo.  Várias anotações, riscos e rabiscos são incluídos na história de nosso viver: experiências alegres de festas, momentos de luto e tristeza; aborrecimentos diversos que nos derrubam; soerguimentos maravilhosos em dias de depressão. Deus nos levanta e, junto com a restauração, dá-nos as marcas da experiência. Aprendemos a rir, a chorar, a enfrentar a tentação e a não errar nas mesmas coisas que erramos antes. As anotações feitas em nós permanecem para sempre, à luz da orientação bíblica e do Espírito Santo em nós.
 
Com o tempo compramos outras bíblias para comparação e estudo. Mas a nossa bíblia, aquela que nos acompanha dia após dia, essa torna-se mais do que especial. Ela tem a nossa cara, ela conhece as nossas preferências, ela nos serve de companheira, de bússola, de âncora, de ferramenta e arma. Eu tenho várias bíblias, até por força do ministério que exerço. Contudo, esta bíblia que uso tornou-se "a minha bíblia". Se eu vou a algum culto ou se vou ler devocionalmente, nenhuma outra serve; tem que ser a minha. Se não a tenho comigo até uso outra, mas sinto falta da minha companheira.
 
A nossa vida também ganha essa referência. As experiências que ganhamos com Deus tornam-se muito importantes. As experiências dos outros são bonitas, podem até ser mais ricas e mais complexas. Mas nada substitui a nossa comunhão verdadeira, do dia a dia, de um Deus a quem conhecemos, de um Deus que nos conhece, de uma vida aos pés do Salvador.
 
A bíblia nova é boa, mas a gasta é melhor. O início da vida cristã é maravilhoso, mas a continuidade dela, através da perseverança, é melhor ainda. Um crente gasto é um crente experiente, cuja vida vale a pena e cujas orações são encorajadoras. Ninguém fica jovem para sempre, nem mantém a bíblia nova sem defeitos, se a usar de verdade. Mas as suas palavras, escritas em tinta, com o tempo serão impressas na alma, escritas com o dedo de Deus no coração do crente. Ah, como é bom ser um crente gasto!
 
Tenho em minha biblioteca algumas bíblias assim. A minha primeira, a primeira de minha mãe e a primeira de meu pai; a do Pr. Timofei Diacov, a do Pr. Onofre Cisterna etc. Mas espero que a minha predileta fique para os meus filhos, se Jesus não voltar enquanto vivo. Esta bíblia está bem gasta e quero ser também um crente igualmente gasto, não estragado, mas experiente, cheio de vivência com o Senhor.
 
E você, leitor amigo, é crente "bíblia nova" ou é crente "bíblia gasta"?
 
Wagner Antonio de Araújo

28/03/2018

terça-feira, 27 de março de 2018

memórias literárias - 640 - VISLUMBRE DO FUTURO

VISLUMBRE
DO
FUTURO
 

 
640
 
Alegre e feliz o pastor foi deitar-se. Um dia de muitas atividades, muitas alegrias. Era o terceiro pastor desta nova igreja. Conseguira instalar o forro do salão de cultos, terminara o lindo jardim de entrada e assinara a escritura de posse do terreno da congregação que iniciara. Em breve uma nova igreja seria organizada, a primeira na história desta igreja. Ele sentia-se alegre. E, em sua mente, imaginava o quanto todos seriam gratos pelos seus trabalhos. Sem perceber, deixou-se levar pelo ego envaidecido. E, acalentado pelo doce aroma do orgulho santo, adormeceu.
 
Acordou cinquenta anos depois. Era dia de festa. Aniversário da igreja. Gente de toda parte chegava. O templo era o mesmo, com algumas pinturas novas, bancada moderna, um andar a mais na estrutura que tão bem construira. Viu alguns poucos irmãos que conhecia, eram as crianças e adolescentes de anos atrás. Sentou-se num local bem situado. O culto começou.
 
Uma programação bonita. E então a exibição dos homenageados.
 
Homenagearam o pastor, um homem de meia idade, também político de carreira. Homenagearam a sua esposa, que vestia-se com um modelo muito extravagante. Homenagearam a diretoria atual e também os fundos para os quais a igreja contribuia. Igrejas organizadas pela aniversariante também vieram prestar honras (a primeira era a que havia organizado).
 
Quando o culto terminou, o pastor entristeceu-se.
 
Ninguém mencionara o seu trabalho. Nem de ele organizara a primeira congregação. Não falaram das lutas do estabelecimento, das campanhas realizadas, das noites mal dormidas, dos desafios que existiram. Ninguém mencionara os pastores que passaram pela igreja ao longo de sua história. Apenas o atual recebera a glória de uma igreja construída por diversos antes dele. Procurou algum quadro, alguma publicação, alguma coisa exposta nos corredores do templo. Nada indicava que uma história anterior existira. Cabisbaixo, saiu do culto, falando consigo mesmo: "Ninguém se lembrou de mim. Ninguém mencionou o meu nome. Ninguém fez caso da história que construímos".
 
Subitamente acordou. Estava a ter um pesadelo! Suado e perplexo, percebera o quanto estava enganado. Por maiores que fossem os seus esforços (e não foram poucos, com certeza!), duas grandes realidades tornaram-se evidentes em seu coração pesaroso.
 
A primeira era de que toda a glória pertencia a Deus. Ele era o realizador da própria obra através de Seus servos, de Suas igrejas, da geração que recebe a incumbência de estabelecer as cordas das tendas aumentadas. Deus era digno de louvor, Deus era quem operava em nós o querer e o efetuar. E toda tentativa de tomar dEle a glória devida seria fadada ao fracasso, ao pecado. Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, (Is 42:8). Paulo apóstolo teve grande trabalho para convencer os pagãos de que as curas que aconteceram em Listra não vinham de si, mas do Deus vivo . E dizendo: Senhores, por que fazeis essas coisas? Nós também somos homens como vós,  (At 14:15). Pedro e João fizeram o mesmo, no caso do coxo curado à porta do templo de Jerusalém, afirmando que fora Deus quem o curara. Homens israelitas, por que vos maravilhais disto? Ou, por que olhais tanto para nós, como se por nossa própria virtude ou santidade fizéssemos andar este homem? (At 3:12). Quando o ego invade o espaço de glória que só a Deus pertence, então ergue-se o pecado como flâmula e o Espírito de Deus não atua mais. E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido? (1Co 4:7). A glória pertence a Deus.
 
A segunda verdade que pôde detectar era a de que os homens têm memória muito curta. Eles fazem questão de ignorar a história, o passado e as grandes lutas que trouxeram a vitória celebrada.  Na história de uma igreja o que menos importa é o suor e as lágrimas dos pioneiros idealistas, daqueles que abriram uma picada no meio da floresta virgem de uma região sem igreja. O povo gosta de exaltar o asfalto novo e bem pintado, esquecendo-se de quem abriu a primeira trilha que deu origem à rodovia. Na memória da geração atual o que menos importa é a lembrança de quem lutou bravamente para fazer vingar e prosperar um trabalho. Como disse Salomão  "... já não têm parte alguma para sempre, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol. (Ec 9:6). Ninguém mais se lembrará daquelas tardes quentes em que a família pioneira cedia o quintal da casa para as escolas bíblicas de férias. Ninguém se lembrará dos cultos nos lares, do ponto de pregação, dos bancos rudes e da sala apertada, das doações de bíblias, dos folhetos, dos cultos ao ar livre, das visitas em dias de chuva, dos primeiros batismos, do primeiro salão alugado e das vitórias pequeninas e indispensáveis para que tudo chegasse onde chegou.  Tudo isso foi esquecido, às vezes pela desinformação, às vezes por maldade ou por qualquer outro motivo.
 
Este pesadelo trouxe ao pastor a certeza de duas coisas.
 
A primeira é de que toda a honra sempre pertence a Deus. Ele reavaliou algumas práticas que tinha, algumas celebrações que visavam, em última análise, trazer a si próprio alguma glória e vaidade.  Deixou de fazer citações de suas próprias virtudes e de buscar elogios para si. Ele conscientizou-se de que trabalhava para Deus e que por mais que fizesse nunca seria o bastante para demonstrar gratidão suficiente. Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer. (Lc 17:10) Além do mais Cristo fizera tudo na cruz e na vida e era o responsável em dar poder, graça, condições e sucesso. Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. (Jo 15:5)
 
A segunda certeza (oh, maravilhosa verdade!) foi a de que  Deus não se esqueceria de seu trabalho. Porque Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra, e do trabalho do amor que para com o seu nome mostrastes, enquanto servistes aos santos; e ainda servis. (Hb 6:10) Por mais que os homens procurassem apagar as memórias de seu serviço, por mais que tudo ficasse relegado a documentos de museu ou registros de cartório, Deus não se esqueceria do trabalho feito com amor e em nome de Jesus. Conheço as tuas obras tendo pouca força, guardaste a minha palavra, e não negaste o meu nome. (Ap 3:8) Esse pastor creu que o galardão que vale a pena não é aquele que os homens concedem em suas celebrações jactanciosas, em suas premiações temporais. O galardão que vale é aquele que receberemos diante do Supremo Juiz, no dia em que prestarmos conta de nossas vidas. E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra. (Ap 22:12) Assim, ele tentaria não se frustrar mais quando se esquecessem de suas vitórias e o privassem de merecidas homenagens. Bastaria lembrar que Deus jamais se esqueceria e isto seria o suficiente.
 
Os próximos meses na vida daquele pastor foram muito melhores. Ele, consciente de que era apenas um servo, servindo com alegria e cada vez mais. Mandara refazer a placa da igreja, que tinha um grande retrato de si mesmo, trocando-a pelo nome de Jesus. Tornou-se grato a Deus por cada chance de servi-Lo. Ele já havia recebido o bem maior, a vida eterna através de Jesus Cristo e de Seu sacrifício; servi-Lo fielmente era o mínimo que podia fazer para dizer a Ele: muito obrigado!
 
Que Deus dê aos leitores a mesma convicção, de que  a glória pertence a Deus e de que Ele não se esquecerá do trabalho feito para Ele, ainda que os homens se  esqueçam.
 
Wagner Antonio de Araújo

26/03/2018

segunda-feira, 26 de março de 2018

memórias literárias - 639 - NÃO O ACHARAM

NÃO O
ACHARAM



639

Correram para aquele culto. Procuraram-no no meio dos cânticos; procuraram-no entre os partícipes; procuraram-no no sermão e nos avisos. Não o acharam.

Correram para aquela vigília. Procuraram-no entre os que se punham de joelhos; procuraram-no nos lábios dos que torciam as frases e diziam coisas desconexas; procuraram-nos entre aqueles que choravam e gritavam. Não o acharam.

Correram para a obra social. Procuraram-no nos que distribuíam comida; procuraram-no nos que cantavam e distribuíam santinhos; procuraram-no entre os que se serviam do pão e da sopa da noite. Não o acharam.

Correram para a procissão. Procuraram-no entre os que carregavam o andor com a imagem de escultura; procuraram-no nas rezas e nas ladainhas cantadas pelos que caminhavam com velas na mão; procuraram-no nos objetos religiosos. Não o acharam.

Correram para a marcha. Procuraram-no no trio elétrico que conduzia músicos e apóstolos; procuraram-no entre os que falavam de tudo pelo microfone; procuraram-no entre os que faziam as salvas circularem. Não o acharam.

Então voltaram ao escritório central e deram o parecer: "Por mais que o buscássemos, por mais que os nossos detetives tenham investigado, por mais que tenhamos contemplado os lugares onde ele supostamente pudesse estar, não achamos sequer um vestígio de sua presença. Nossa conclusão é única: ELE NÃO ESTÁ LÁ".

Sim. Ele desapareceu.

O púlpito da igreja, construído para que a Sua Palavra fosse proclamada aos que se dispusessem a ouvi-la, agora é utilizado para falar de futilidades, de política, da venda de produtos, da vanglória dos ministérios, dos cursos de auto-ajuda, de prosperidade financeira e da jactância dos que procuram um entretenimento barato, possível e jactancioso. Jesus não está mais ali.

As vigílias de oração, constituídas por quem ansiava buscar a Deus com dedicação, com tempo de qualidade e com muita confiança no Pai Celestial, no poder do Espírito Santo, não se reúne mais em nome de Jesus, mas em nome do apóstolo impostor, no nome do Espírito Santo (cujo verdadeiro objetivo nunca foi esse, mas sim glorificar ao nome de Jesus Cristo). Reúnem-se para ostentar poderes sobrenaturais, para sacrificar e simular sofrimentos com o fim de verem suas preces atendidas, não confiando na graça absoluta de Deus. Jesus Cristo é quem menos importa nestas vigílias, usado-O apenas como fórmula em suas frases de efeito. Jesus não está mais presente ali...

As obras sociais, como expressão de amor reagente (nós O amamos porque Ele nos amou primeiro e, consequentemente, devemos amar o próximo com a nós mesmos) tornou-se ostentação de suposta bondade e virtude, ou de chamarisco de ofertas (olhem como nós somos bons com os carentes e invistam em nós!), ou de busca de pontos na eternidade (salvação pelas obras). Verdadeiras empresas são montadas com a finalidade do suposto bem e o que menos importa é o que deveria gerar a boa obra (fazê-lo como se estivéssemos fazendo por Jesus). Ele também não está ali.

A procissão, tão comum entre aqueles que tentam adorar a Deus sem observarem o que o próprio Senhor ensinou em Sua Palavra (não farás imagens e nem lhes prestará cultos), transformou-se em festejo público, em item de turismo urbano, em festa de calendário religioso e em ostentação pública de tradição, de família e de suposta religiosidade (as mãos que levam a imagem são as que conduziram as baterias da festa da carne, o Carnaval). Ali, sob um clima de morte (pois as imagens estão inertes) o povo ostenta uma fé que não traz vida, só traz lembranças de como seria bom se fosse real, ídolos que precisam de braços para erguê-los, uma autêntica fantasia humana. Jesus não estava na procissão.

Também não estava na marcha, ainda que se chamasse "PARA JESUS". Não era para Ele. Era para o apóstolo fajuto, para o candidato ao cargo público, para a gravadora gospel vender cds, para entrar no livro dos recordes como a maior do mundo, para fazer o povo brincar e dançar e mostrar à cidade um entretenimento mais saudável, para justificar a existência das seitas ali propagadas, para gerar lucro aos vendilhões da fé e às cidades que a abrigam. Há glória para as denominações, para as bandas, para os falsos apóstolos;só não há glória para o Jesus verdadeiro, o da Bíblia e da história!

Sim. Ele tem estado ausente. Aliás, talvez esteja ausente da vida de algum leitor, quando não O honra com a sua obediência à Palavra, quando não dedica parte de seu dia à oração e à leitura da Bíblia, quando não congrega junto com o Seu povo, mesmo que numa pequenina congregação verdadeira, quando não testifica da salvação àqueles que ainda não a experimentaram. Infelizmente Jesus não está presente na casa de muitos que se dizem do Senhor. Ele não se faz presente na briga constante da família, nos gastos exagerados, nas dívidas contraídas pelas más decisões e nos costumes que não são compatíveis com a Sua vontade. Ele não está presente nas televisões e nos celulares de gente que não vive para ele. Mesmo que se chamem cristãs, mesmo que sejam religiosas, mesmo que falem o tempo todo o Seu nome. E por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo? (Lc 6:46). Quem devia ter Jesus não tem e tem provocado escândalo: Porque, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós. (Rm 2:24).

À propósito, estaria Jesus aí com você?

Wagner Antonio de Araújo


26/03/2018

sexta-feira, 23 de março de 2018

memórias literárias - 638 - UM JUIZ IMUTÁVEL

UM JUIZ
IMUTÁVEL

 
638
 
Com tristeza assisti ao espetáculo trágico do Supremo Tribunal Federal do Brasil, que outorgou um salvo-conduto ao réu condenado Luis Inácio Lula da Silva. Não tenho nenhuma filiação política e nem milito por ninguém, a não ser pelo Evangelho de Cristo. Mas não posso deixar de lamentar - e com perplexidade - a atitude dos senhores ministros. Eles provam que a Lei serve para alguns e não para todos. As coisas podem mudar, mas nada apagará mais esta mácula de nossa triste história brasileira. E ainda perguntam porque não somos patriotas, comemorando datas nacionais...
 
Isso me fez refletir sobre a nossa justiça e a JUSTIÇA DIVINA. A verdade para toda a humanidade é esta: Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal. (2Co 5:10); Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados. (Rm 2:12). Independentemente das posições escatológicas, TODOS OS HOMENS terão que passar pelo Supremo Juiz, que não fará colegiado, mas decidirá TEOCRATICAMENTE.
 
Não haverá advogado algum, suborno algum, situação alguma que modifique o julgamento deste, que é o JUIZ DE TODA A TERRA. A Sua decisão será única, imutável e eterna. Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a terra? (Gn 18:25); Mas Deus é o Juiz: a um abate, e a outro exalta. (Sl 75:7).
 
Não terá segunda instância, embargos infringentes, habeas corpus ou qualquer chincana jurídica. A decisão dEle será única e definitiva. E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. (Ap 20:12).
 
Hoje Ele é advogado dos que a Ele buscam, apresentando diante do Pai o Seu Sacrifício substitutivo. Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. (1Tm 1:15); Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. (1Jo 2:1).
 
Amanhã, porém, Ele será o JUIZ e não abrirá nenhuma oportunidade para frestas processuais, aprofundadas por advogados que não têm credencial junto ao Trono. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade. (Mt 7:22-23)
 
Seu decreto será obedecido imediatamente e sua decisão será eterna. E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna (Mt 25:46); Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação. (Tg 1:17)
 
Talvez por não olharem mais para a imutável Palavra de Deus (que não pode falhar) estejam acreditando num deus bonachão, num cristo frouxo, que implora e suplica um minuto na agenda de cada ser humano. Ledo engano! Ele é Rei e Sua sentença em breve virá, sem direito a quaisquer ações contrárias. Ainda antes que houvesse dia, eu sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá? (Is 43:13)
 
Minha fé seguirá apenas na JUSTIÇA DIVINA, pois a dos homens é falha e mentirosa. Às vezes funciona, acudindo ao inocente. Às vezes (e em maior número) atende ao rico, famoso e endemoninhado. Em breve isto tudo acabará. O meu Deus não muda. Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente. (Hb 13:8)
 
E ouvi o anjo das águas, que dizia: Justo és tu, ó Senhor, que és, e que eras, e santo és, porque julgaste estas coisas. (Ap 16:5)
 
Wagner Antonio de Araújo,
triste com o que acontece hoje no Brasil.

23/03/2018

quarta-feira, 21 de março de 2018

memórias literárias - 637 - SAIR DO PESADELO

SAIR DO
PESADELO

637
 
 
Desde pequeno eu sofro com pesadelos, caso venha a dormir de barriga para cima. Posso dormir em qualquer posição, menos nessa. O interessante é que eu percebo quando o pesadelo chega. Ele vem sorrateiro, devagarinho. Há um leve sono que domina, manso, muito tranquilizante. E, de repente, sem que se perceba, é como se eu caísse num precipício: os braços e as pernas perdem os movimentos e eu, que não desejo ter pesadelo, sinto-me aprisionado. Quero abrir os olhos e não consigo. Quero falar algo, sair desta posição, mas sinto-me refém e dominado. Às vezes me desespero. E foi muito cedo que descobri uma forma de me livrar do pesadelo. Nem sempre ela funciona, mas, na maioria das vezes sim. Conquanto nesse estado eu tenha perdido o domínio dos braços e das mãos, sempre sobra um pouquinho. Então, com muito esforço, tento arrastar a mão pela barriga rumo ao rosto. O braço pesa uma tonelada, mas eu tenho que tentar, e com rapidez, pois o pesadelo está chegando. Vou arrastando a mão, subindo, subindo, até atingir o rosto. Então faço os dedos caminharem com sofreguidão, passo a passo, pelo rosto. Ele passa pela boca, pelo nariz, até atingir um dos olhos. E, em lá chegando, eu junto dois dedos e abro uma pálpebra. Vitória! Consegui sair daquele sofrimento!  Eu poderia mexer na boca, no nariz, isso de nada adiantaria. Mas quando abro os olhos, saio da prisão.
 
A Bíblia também nos fala de uma prisão, a da frieza espiritual. Há muitos cristãos que não conseguem orar. Eles até tentam, insistem, mas parece um pesadelo, aprisionando-os nas preliminares da prece. Começam bem: "Senhor Deus, eu Te agradeço por mais este dia..."  e geralmente não vão muito longe. Planejaram orar bastante, mas não conseguiram vigiar nem três minutos! Eles se perdem nas palavras, mudam os pensamentos, decidem consultar o celular, abrir a janela, fazer qualquer coisa. E pensam: "Depois eu continuo..." E o depois nunca chega. O Espírito Santo, que habita no coração do crente, entristece-se e traz ao coração do discípulo uma insatisfação profunda. Frustrado, pensa: "Por que eu não consigo fazer uma oração completa, vitoriosa, verdadeira, que tenha começo, meio e fim, da qual eu me alegre e me sinta verdadeiramente em comunhão?"
 
O motivo é que há dois inimigos que nos aprisionam a uma vida de pobreza espiritual. O primeiro está dentro de nós. Ele se chama CARNE. É a nossa natureza adâmica, que milita contra a nova natureza espiritual. Ela não tem prazer na busca do Senhor; pelo contrário, ela está entorpecida em seus próprios pecados. Basta abrir a Bíblia para ler, ou dobrar os joelhos para orar que a manifestação da carne é certeira: um sono inconveniente, um cansaço, uma indisposição profunda aparecem. Tais sintomas inexistem se ligarmos o celular, assistirmos a vídeos ou buscarmos outras atividades. Mas para orar ou para ler a Bíblia, ah, é um convite à indisposição. Isto vem da carne. Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis. (Gl 5:17)
 
O segundo inimigo vem de fora. É Satanás, o inimigo, com os seus demônios. Eles nos odeiam e odeiam a Deus. Eles estão condenados, mas não querem ir sozinhos para o Lago de Fogo. Eles querem levar a todos os homens com eles. Quanto aos salvos, aos que conhecem a Jesus, eles desejam evitar que tenham comunhão, desejam que sejam infrutíferos e relapsos. Assim eles criam fantasias e tentam os homens. Na hora da oração surgem inúmeras idéias de coisas para fazer: lembramo-nos de uma tarefa inacabada, pensamos em pessoas diversas, entramos em conflito com questões políticas, nos aborrecemos, ouvimos ruídos que não estavam audíveis antes da oração. Enfim, somos de tal forma incomodados que sucumbimos e deixamos de orar. Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar; (1Pe 5:8)
 
Quem sente tudo isso na hora da oração está envolvido no pesadelo espiritual: quer orar, mas não consegue. Tenta, mas é incapaz de mobilidade; está amarrado à inércia de um sono avassalador, sono da alma, que não consegue um diálogo criativo com o Criador. Suas orações não passam de recortes malfeitos de frases incompletas. Sentem-se aborrecidos e querem sair desse marasmo. Mas como?
 
Do mesmo jeito em que eu consigo sair dos pesadelos: ABRINDO OS OLHOS! Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei. (Sl 119:18); Por isso diz: Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá. (Ef 5:14). Jesus, quando selecionou três apóstolos para vigiarem com Ele, achou-os dormindo, de olhos fechados. E disse: E, chegando, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Simão, dormes? não podes vigiar uma hora? (Mc 14:37)
 
E como se faz isso? Da mesma forma com que consigo acordar: forçando o braço, a mão e indo até o olho para abrir uma pálpebra. Depois de aberta, a libertação vem. Assim é também na vida de quem quer vencer na oração, ter vitória nos clamores: deve ousar e avançar. Se orar em pensamento causa divagação, ore audivelmente. Se orar de joelhos causa sono, ore andando. Se orar num ambiente fechado causa descanso demasiado, ore na rua. Mas INSISTA ATÉ SAIR. Eu já aprendi que, quando estou frio em minha devoção e em minhas orações, devo insistir, insistir e não acabar um encontro com Deus de qualquer jeito, mas cumprir o roteiro que havia planejado. Se me dispus a orar pela família, hei de apresentar um por um. Se pela igreja, citarei cada irmão. Se pelo país, trarei à mente os problemas que conheço. Se de joelhos sentir sono orarei de pé. Se parado sentir-me tentado a pensar em outras coisas, orarei andando pelo quintal. E há algo que acontece quando me disponho e insisto: o sono se vai, as amarras da frieza se vão e Deus acende uma fornalha de ânimo na alma, trazendo prazer imenso em buscá-Lo em oração.
 
Experimente. Não fique no pesadelo. Leve o dedo ao olho e abra a pálpebra. Você conseguirá.
 
Wagner Antonio de Araújo

21/03/2018

memórias literárias - 636 - O CHORO

O CHORO
 

 
636
 
Ah, o choro! Quantas lições ele nos traz!
Em toda a vida que vivemos, companhia ele nos faz!
 
Tem o choro de criança, choro simples de neném
Há o choro mais sentido, fome e sede o bebê tém!
 
Ao crescer e ficar grande o choro muda de feição
A criança sempre chora quando ganha a correção.
 
Cresce, cresce o pequenino e o choro desenvolve
Chora alto e bem sentido, o sentimento já envolve.
 
E o menino vira jovem, rapagão tão bem formado,
Tem o choro guardadinho para o ser que tem amado.
 
É Maria, é Quitéria, é Letícia ou Luciana,
Sempre há uma menina por quem chora e a quem ama.
 
Se menina, tem João, tem o Pedrinho ou Reginaldo,
Desce a lágrima nos olhos pelo menino tão amado!
 
Cresce o jovem, vira homem e o choro se mantém,
Ora chora de alegria, ora chora de desdém.
 
Chora a nota tão ruim ou o prêmio recebido,
Chora o fim de um lindo amor ou o adeus de um amigo.
 
E então casa e forma um lar, chora doce e alegremente,
Chora a beleza da mulher, chora apaixonadamente.
 
Mas os anos vão passando e o choro muda o seu  motivo,
São as contas e os problemas, pensa tudo estar perdido.
 
Chora, chora e não consola, chora só e acompanhado,
Enxuga as lágrimas e caminha neste mundo não chorado.
 
Pensou que tudo era festa, que a vida era um jardim,
A festa virou tragédia e a felicidade teve um fim.
 
Alquebrado, entristecido e com a mente perturbada,
Chora a dúvida fatídica: é assim que a vida acaba?
 
Neste triste pensamento alguém lhe traz boa-nova:
Jesus Cristo, o Nazareno, de Seu amor nos deu prova,
 
Quando na cruz, em sofrimento, pagou a pena do pecado,
Mostrando a todo mundo um futuro transformado.
 
E o coração pesaroso, que de dor tanto chora,
Encontra um motivo novo e logo sai para fora:
 
É melhor que ser criança, ser bonito ou muito rico,
Ter Jesus no coração faz o gozo infinito!
 
E o choro, tão comum, que por anos fez sofrer
Se transforma em grande gozo pela paz no bom viver.
 
E se lágrimas lhe caem, tendo alegria na alma,
Faz do choro uma canção e qualquer dor acalma!
 
Agora sim eu choro, choro de felicidade,
Tenho Jesus comigo e por toda a eternidade!
 
Wagner Antonio de Araújo

21/03/2018

terça-feira, 20 de março de 2018

memórias literárias - 635 - MELANCOLIA

MELANCOLIA...

635
Oh, outono indesejado,
Que me deixa tão cansado!
Tardes de azul escuro,
Sombra a cobrir o muro,
Brisa tão fria e triste,
Como um dedo em riste,
Apontando-me o avanço
Da dormência no remanço,
Da melancolia das tardinhas,
Das saudades de Carminha,
Da coberta que me envolve
E do calor que me devolve!
Outono das lágrimas sentidas,
Das etapas já vencidas,
Do entardecer na pracinha,
Do escurecer à tardinha,
Das folhas que secam e caem,
Das pessoas que da vida saem
Do tempo que não é criança,
Que cria na mente a lembrança
E no coração a dor ardida
Da chegada e da partida,
Dos que se despedem de nós
E dos que ganham a voz!
Outono é pensamento,
É o desfrute do momento
De sentir com profundidade
A amargura da saudade
E lembrar-se com ternura
Da bênção, da vida, da cura,
De celebrar cada instante,
Do cuidado tão constante
Com que Deus nos acercou.
Ele nunca nos faltou!
E agora novamente
Outro outono em nossa frente!
O outono é uma graça
Nas tardes frias da praça
Ou na sala de estar,
Ao ver a vida passar.
Mas maior ventura terei
Melhores canções ouvirei
Se ao Senhor de toda a vida
Em minha mente eu der guarida
E a Sua voz, cheia de glória
Proclamando a grande vitória
Da fé diante da tribulação
E da graça de tão grande salvação!
Um ano bem completo,
De fartura, bem repleto,
Tem as quatro estações.
São da vida as feições,
Retratos de um viver,
Neblinas do amanhecer,
Calor do meio dia,
Verão de alegria,
Entardecer do outono,
Tempo de sentir o sono,
E a chegada do inverno,
Quando o abraço é tão terno!
E por fim a primavera,
Alegria que nos espera
Ao ver o campo florescer.
Será um lindo amanhecer!
No verão é tudo intenso,
Eu quase nem penso!
No outono eu não percebo
Que a alegria virá bem cedo,
Assim que o inverno passar
E todo o frio se dissipar.
Primavera de felicidade
A suprir a necessidade!
E ela virá certamente,
Fará crescer novamente
As folhas que agora caíram,
Cobrirá as copas que sumiram
Com um verdor bem espesso.
Por isso, Outono, eu te recebo,
Mesmo que o ar frio me fira;
Sua presença não tira
A minha esperança futura,
A certeza de que da altura
Há um Deus que controla
E que a alma consola.
Seja bem-vindo, Outono!
Wagner Antonio de Araújo

20/03/2018

memórias literárias - 634 - A DECADÊNCIA

A DECADÊNCIA

 
634
 
Limpo os meus cds. Encontro alguns bem antigos, de jovens que louvavam ao Senhor. Procuro os seus telefones, alguns muito velhos. Consigo contatar alguns.
 
Um deles cantava tão bonito, tantos hinos sacros! Tornou-se pastor, já está com meia idade. Com um perfil tão eclesiástico tornou-se modernista. Deixou a música-solo e agora meteu-se num ministério de crescimento de igreja. Pai e filho. Milhares de pessoas. Nenhuma sombra do que ouço no velho cd.
 
Encontro outro. Um arranjador inteligente. Apresentava-se em noites missionárias. Tinha um repertório eclético, mostrava-se comprometido com o evangelho. Encontro-o. Toca em bares e boates americanas. Ganha a vida na noite. Frequenta uma igreja aos fins de semana. É reconhecido como ministro de música. Opina sobre tudo, inclusive sobre gênero e ecumenismo. Olho para o meu cd e pergunto: o que foi que aconteceu?
 
Vejo outro. Uma linda jovem, cantora. Ligo e descubro que abandonou o evangelho para ser promotora de vendas. Tornou-se conceituada. Fez faculdade teológica para vender perfumaria. Lembro-me da igreja a investir em seu seminário. Quem sabe conseguiram um vale-perfume vitalício, não?
 
Tomo a minha agenda de telefone e procuro os colegas. Este: pastor humilde na periferia, como era bom ouvir suas prédicas! Encontro-o como palestrante de rede hoteleira e conselheiro de esportes. Não há uma única menção ao evangelho.
 
O outro era seminarista estudioso. Descubro-o numa universidade alemã bebendo a filosofia existencialista e arrotando afrontas ao evangelho no qual fora criado. Que tristeza!
 
É muito raro ouvir-se a frase: "a igreja tal deu posse ao novo pastor; ele está fazendo um bom trabalho e a igreja está se tornando mais e mais espiritual". O que ouço é o contrário: a cada novo ministro que assume o desgaste da igreja tradicional avança, transformando-a num clube religioso. Jogam os bancos e os púlpitos pela janela e enchem o salão de computadores, baterias, cadeiras e poltronas. No lugar do púlpito há um móvel de ostentação com frases de efeito. E o ministro está mais para desfile fashion de jeans e tenis de marca do que pregador do velho evangelho.
 
Não vejo como isto mudará. Não há volta. E não se trata de um mero e conhecido "conflito de gerações". A questão é muito mais profunda, global e ontológica. Não foi apenas a copa da árvore que modificou-se; a raiz e o caule também. A videira deixou de sê-lo; o fruto é outro. Por isso as editoras bíblicas não cansam de refazer suas versões, ao gosto do freguês, motivadas pelas imposições dos líderes das grandes seitas que deixaram o rol da ortodoxia evangélica. Hoje tudo é mutante. Tudo, exceto a verdade; esta foi abandonada, porque não conseguiram torcê-la.
 
Tempos difíceis.
 
Uns poucos remanescentes ainda se mantém; espécimes raros de uma linhagem em extinção. Extinção na Terra,  povoamento do Céu. E em breve tudo se cumprirá.
 
Wagner Antonio de Araújo

16/03/2018

segunda-feira, 19 de março de 2018

memórias literárias - 633 - FAZER UM POUCO MAIS ...

FAZER
UM POUCO
MAIS...
 
 
633
 
Fazer mais do que se espera. Que utopia para a maioria das pessoas!
 
Um patrão emprega diversas pessoas. A maioria reage à oportunidade, fazendo só aquilo que deve fazer. Poucos, contudo, fazem um pouco mais, servem um pouco mais. E, se descobertos por colegas, ainda são criticados!
 
Um dia Abraão decidiu que Eliézer, seu servo, deveria ir até à sua parentela procurar esposa para o seu filho Isaque. Eliézer pediu a Deus um sinal: a mulher que correspondesse ao seu pedido de água, mas que fizesse um pouco mais, seria a indicada por Deus para tornar-se esposa do filho do patrão. Dito e feito: Rebeca, que tirava água para o rebanho da família, ouviu o pedido de água. Ela não só dessedentou a Eliézer, como deu de beber aos camelos. Ela fez um pouco mais. Tornou-se a mãe de muitas nações. Isto está em Gênesis 24.
 
Jesus insta para que os Seus servos sirvam a Deus com um pouco mais. Aos servos que só servem na trivialidade do que foi mandado, afirma: Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer. (Lc 17:10). Mas aos que O servem com um pouco mais, fazendo além do normal, Ele diz: Bem-aventurados aqueles servos, os quais, quando o Senhor vier, achar servindo assim! Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará assentar à mesa e, chegando-se, os servirá. (Lc 12:37)
 
A maioria de nós REAGE. Primeiramente ao amor de Deus: Nós o amamos porque ele nos amou primeiro. (1Jo 4:19) Isto já nos capacita a não esperarmos mais a ação de ninguém, pois a inércia foi quebrada pelo próprio Deus; Ele nos amou; logo, podemos também REAGIR, amando: servir e fazer um pouco mais. Amados, se Deus assim nos amou, também nós devemos amar uns aos outros. (1Jo 4:11)
 
Mas nós reagimos a esse amor friamente, sem iniciativa, sem emoção e sem lastro de continuidade, sempre com a sensação de que cumprimos a nossa obrigação, e que tudo isso já é um grande enfado. Quer tirar a prova de como somos assim? Experimente ficar em silêncio em suas redes sociais, no whatsapp, nas comunicações instantâneas: dos múltiplos contatos, por algum tempo. Quantos realmente sentirão a sua falta? Quantos perguntarão como você está? Quantos terão alguma preocupação sobre a razão de tal silêncio? QUASE NINGUÉM. E qual a razão? Na verdade há muitas, mas a mais provável é que as pessoas estão tão ocupadas consigo mesmas que não percebem que os demais existem. Só os detectam quando lhes enviam alguma coisa, ou quando gritam, esperneiam, processam, cutucam. E, depois de corresponderem às manifestações dos outros, voltam ao tradicional silêncio de quem não se importa com nada a não ser consigo e com suas próprias coisas.
 
Pois eu digo que no julgamento dos cristãos haverá juízo para os que apenas reagem e galardão aos que AGEM MELHOR. Os que apenas recebem e encerram a questão estarão salvos, mas só pela graça e misericórdia. Os que são salvos e AGEM FAZENDO UM POUCO MAIS por amor terão galardão especial, que não os fará superiores ou orgulhosos, mas desfrutadores de bênçãos que só a eles estão reservadas. E, respondendo Jesus, disse: Não foram dez os leprosos limpos? E onde estão os nove? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro? (Lc 17:17-18). Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele. (Jo 14:21); E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. (Mt 25:21). Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus. (Ap 2:7)
 
Sou do tipo que AGE ou do tipo que REAGE?
 
Sou amigo de quem ME FAZ ALGUMA COISA, reagindo a algum benefício, ou sou um criador de boas coisas, buscando servir um pouco mais a todos que puder?
 
Sou dos que fazem apenas o esperado ou dos que têm prazer em superar as expectativas? No meu trabalho busco a excelência ou apenas o necessário para justificar o salário? Procuro, na faculdade, atingir a média mínima ou desejo fazer o máximo para abrilhantar a dádiva do curso? Em casa eu apenas encho os armários de mantimento e pago as contas necessárias ou faço questão de conhecer e investir tempo com o cônjuge, os filhos e os familiares? Sou dos que cortam o mato do jardim ou dos que o enchem de rosas e jasmins cheirosos?
 
Queira Deus, em Sua infinita misericórdia, fazer-nos serviçais dEle e, por causa dEle, serviçais do próximo. E que não meçamos as nossas ações nivelando-as no mínimo, mas que as façamos buscando fazer sempre UM POUCO MAIS, agradando a quem TUDO JÁ FEZ EM NOSSO BENEFÍCIO.
 
Que Ele seja glorificado!
 
Wagner Antonio de Araújo

15/03/2018

memórias literárias - 1477 - CHORA, Ó RAQUEL...

  CHORA, Ó RAQUEL...   1477   Quando o Senhor Jesus Cristo fez-Se homem, nascendo do ventre de Maria, Herodes o Grande desejou matá-Lo...