terça-feira, 29 de agosto de 2017

memórias literárias - 517 - AINDA QUE NINGUÉM SAIBA

AINDA
QUE NINGUÉM
SAIBA

 
517
 
 
Basta que Ele veja,
Que contemple o meu serviço,
Que perceba o meu esforço,
Que me tenha por submisso.
 
Basta que Ele saiba,
Que só Ele valorize,
No mais profundo ou à superfície
Com ganho farto ou sem ter nada.
 
A recompensa não fenece,
O galardão não deteriora,
Se ao além partir a messe
Do serviço mundo afora.
 
Basta que Deus saiba,
Basta que Deus veja,
Mesmo que aqui não caiba
Algum prêmio ou recompensa.
 
Até um copo dágua,
Servido por amor a Jesus,
O confortar alguma mágoa,
O ajudar a carregar a cruz,
 
Galardão não perderá,
Haverá um prêmio além,
Isto é certo que virá
Fruto da graça também!
 
Por isso sê forte e continue a servir,
Ainda que dos homens reconhecimento faltar.
Porque no céu, na glória, no porvir,
Dos lábios de Cristo haverá de escutar:
 
Eu vi, eu contemplei, eu percebi fidelidade,
E te recebo, servo bom e obediente,
Entra na glória da eterna felicidade
Porque no mundo você foi dedicado crente!
 
Santas palavras de Jesus,
Ditas no Reino da gloriosa luz!
Recompensa neste mundo não mais interessa,
Quando na glória terei a promessa!
 
Assim, meu Santo Deus,
Meu Pai, meu Mestre, meu Senhor,
Servir-Te-ei e também aos Teus,
Até o fim, sem desistir, em Santo amor!
 
Que ninguém veja, que ninguém saiba,
Que dos homens eu nem seja lembrado.
Basta que no Teu coração eu caiba
E cumpra com fidelidade o Teu chamado.
 

Wagner Antonio de Araújo

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

memórias literárias - 516 - SOLTEM MINHA FILHA!

SOLTEM
MINHA FILHA!


516
 
Alonso era o dono da quitanda. Ele mantinha aquele sacolão há quatro anos. Era um crente e buscava ser fiel. Mas tinha um vício, um pecado escondido. Não era capaz de deixar a pornografia. Antigamente frequentava os cinemas imundos do centro da cidade, sempre disfarçado, ora com chapéu, ora com um casaco. Ao chegar em casa dizia que havia visitado algum amigo. Depois, com a facilidade da internet, comprou um celular separado, para conectar-se a tudo o que não prestava. Assistia vídeos pornográficos bizarros, como orgias e bacanais. Depois do êxtase emocional vinha a tristeza, a culpa. Mas convivia com a situação e não conseguia mudar.
 
Um dia o seu filho de quinze anos, também crente, foi ajudá-lo na quitanda. Ao fazer o troco para um freguês, abriu a gaveta e encontrou o celular. Adolescente e perscrutador, foi olhar o que havia no histórico de consultas do aparelho. Ficou perplexo, porque jamais pensara que o seu pai assistia a esse tipo de coisas. Afinal, em casa, nos cultos domésticos (quando tinha) ou na escola bíblica, quando ensinava, apontava a prática como pecado. Imediatamente mandou uma mensagem para o colega da igreja. Esse comentou com a mãe dele e a mãe foi falar com o pastor.
 
O pastor chamou o irmão Alonso para uma conversa. Depois das introduções, o pastor foi direto ao assunto:
 
- Irmão Alonso, o irmão consome pornografia? O irmão assiste isso?
 
- Como, pastor? Que história é essa? Eu sou um homem de respeito!
 
- Veja isto aqui, irmão...
 
O pastor mostrou o retrato do celular, enviado pelo próprio filho ao amigo, compatilhado com a mãe. A primeira reação de Alonso foi negar, protestar, alterar-se. O pastor esperou que as suas emoções se aquietassem e perguntou:
 
- Irmão Alonso, isto é verdade?
 
Alonso abaixou a cabeça e confessou que sim. Disse que lutava há anos para abandonar a prática e que não conseguia. O pastor mostrou na Bíblia que isso se chamava pecado e que era um banquete de Satanás para a destruição de sua santificação e decência. Orou por ele e despediu-se. Quando Alonso saiu o pastor chorou copiosamente. Quantos membros da igreja estariam no mesmo caminho, enganados por Satanás, com um falso prazer momentâneo e adúltero? Quantos escondiam uma intimidade mundana?
 
Em seguida ajoelhou-se junto à mesa do gabinete, com a bíblia na mão. E orou:
 
- Senhor, sou incapaz de convencê-lo do mal que fez ao seu filho e ao seu testemunho. Não posso mudar o seu coração. Senhor, age pela Tua graça e tira o Alonso desta armadilha! Não deixe que a Tua Igreja, o Corpo de Cristo, continue a sofrer com o pecado do Alonso!
 
Deus ouviu a oração do pastor.  A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos. (Tg 5:16)
 
Numa quinta-feira Alonso fechou a quitanda ás oito da noite. Passou no supermercado para comprar alimentos, foi para casa, comeu algo que não fez muito bem e deitou-se com um peso no estômago.
 
Naquela noite ele teve um sonho. Estava na quitanda, quando dois homens o sequestraram. Levaram-no para uma casa na periferia. Amarraram-no à cadeira. À sua frente havia uma parede de vidro. Do outro lado um estúdio de filmagens. Ele soube que era um estúdio porque havia luzes, câmeras, equipamentos fotográficos, tudo o que há num estúdio. Ao centro uma cama e uma poltrona.
 
Em seguida entraram três profissionais de filmagem. Pela porta entrou a filha de Alonso.
 
- Minha filha? O que é isso?
 
Então a menina, devagar, tirou toda a roupa. Logo entraram três rapazes. Alonso suava e gritava, tentando sair da cadeira:
 
- Minha filha! Pelo amor de Deus, saia daí! Filha, saia daí!
 
A menina não o via, apenas relacionava-se com três rapazes. Cenas horríveis, nojentas, pervertidas, gritos e risos, sujeira e malícia. Alonso estava desesperado.
 
- Meu Deus, não deixe isso acontecer com minha filha! Saia daí, filha! Rapazes, eu vou matá-los! O que vocês estão pensando? Ela é minha filha, respeitem-na! Vocês não têm consideração com as pessoas? Eu sou o pai dela, saiam dai!
 
Então os rapazes olharam para ele. Alonso os reconheceu: eram os atores principais dos vídeos pornográficos que assistia. Os rapazes nada disseram, apenas riam maliciosamente, olhando profundamente para os seus olhos. O que eles faziam com a sua filha diante dele era o que Alonso assistia, quando faziam com a filha dos outros. Enquanto as cenas não eram a sua pequena, eram aceitáveis, mas agora, tendo a própria filha como atriz da pornografia, Alonso sofria, gemia, gritava, agonizava.
 
Alonso gritou tanto que acordou do pesadelo. Berrava e chorava. Sua esposa, filha e filho correram até ele. Estavam desesperados.
 
- Papai, o que aconteceu? Acorde! O que houve? Vamos chamar a ambulância!
 
Alonso chorava amargamente. Disse que não precisava de ambulância. Ele queimava de febre. Sua esposa trouxe-lhe remédio, enxugou-lhe o suor e tentava consolá-lo, sem sucesso. Aos poucos ele se controlou. E, com tristeza dobrou os joelhos, dirigindo-se à família. Assim falou:
 
- Minha esposa e meus filhos, os meus pecados me encontraram. Eu pequei contra Deus! Estou envergonhado e não sei o que fazer! Querida esposa, eu tenho assistido filmes pornográficos. Pensei que não tinham importância, até que tive um sonho nesta noite. Em lugar das atrizes estava a nossa filha! Eu estava amarrado por sequestradores e não pude fazer nada. Ah, minha filha, perdão! Perdão! Perdão por não poder lhe salvar no sonho! E agora estou arruinado dentro de mim! Oh, meu Deus! O que farei?
 
O filho de Alonso ligou para o pastor. Este assustou-se, pois eram três da manhã. Mas, como um pastor legítimo, estava disponível. Correu à casa de Alonso. Ouviu a triste história e o desespero de Alonso. Acalmou-o, tranquilizou-o e então disse:
 
- Irmão Alonso, este sonho veio de Deus. Quero lembrar-lhe o que diz a Palavra do Senhor: Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. (1Jo 1:9).
 
- Deus permitiu que você visse com os próprios olhos o desespero de pais e mães que têm filhos escravizados pelo poder de Satanás, à serviço da pornografia. Cada vez que você consome esse tipo de material fortalece esse comércio e destrói o coração de pais impotentes que não puderam segurar os seus filhos de seguir o pecado. Você é cúmplice de tudo isso. Mas só percebeu o mal que faz quando Deus o colocou no lugar de quem é vítima. Então disse Natã a Davi: Assim diz o SENHOR Deus de Israel:Tu és este homem.  (2Sm 12:7). Assim como Natã mostrou a Davi o mal que um homem fizera ao possuir a única esposa que tinha, enquanto ele tinha a sua própria, Deus mostrou o mal que o irmão tem feito ao assistir as filhas e os filhos dos outros na prática da imoralidade e da promiscuidade. O irmão é o culpado!
 
- Mas saiba, irmão Alonso: se Deus lhe mostrou isto é porque lhe ama e quer libertá-lo. Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te. (Ap 3:19); Depois Jesus encontrou-o no templo, e disse-lhe: Eis que já estás são; não peques mais, para que não te suceda alguma coisa pior. (Jo 5:14)
 
A família, em lágrimas, ao lado de Alonso, orou, aceitou o seu pedido de perdão e fez compromissos com Deus. Alonso teve um encontro com o Senhor. A pornografia, que antes lhe atraía, tornou-se nojenta e satânica, pois lembrava-se que, atrás de cada vídeo, havia um pai e uma mãe a sofrer, e jovens a serem escravizados por senhores que serviam a Satanás. Alonso tornou-se íntegro e Deus o abençoou muito. Sua vida foi transformada.
 
Homem ou mulher que me lê neste dia: a pornografia é uma armadilha, ela seduz e atrai, e faz de cada assistente cúmplice de uma tragédia humana, tragédia famíliar, tragédia espiritual. A pornografia vem do Inferno e quem a ela se submete torna-se escravo do pecado.  Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas herdarão o Reino de Deus.  (1Co 6:9)
 
Livre-se disso. Ponha-se no lugar daquele pai ou daquela mãe, que criaram com amor e dedicação a um filho e que hoje amargam a triste realidade de perdê-los para a promiscuidade. Ou então, se pais não tiveram, coloquem-se no lugar destes pobres jovens, que não tiveram o carinho e a atenção de pais amorosos para orientá-los. Este não é o tipo de diversão que edifica. Esta diversão vem do Inferno e leva à perdição.
 
Fuja da pornografia!
 
E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. (Jo 8:32)
 
Wagner Antonio de Araújo
28/08/2017

memórias literárias - 515 - AH, MARIA...

AH,
MARIA...

515
 
Maria era uma linda menina. Convertera-se aos 13 anos. Estava com 17. Desde cedo destacara-se como crente fiel: não ia a baladas, não publicava futilidades em suas mídias sociais, lia a bíblia, orava e frequentava os cultos com assiduidade. Ela procurava ser fiel em todo o tempo. Pelo menos era o que parecia.
 
Sentindo necessidade de ganhar algum dinheiro, passou a fotografar os irmãos e a imprimir lindos arranjos com as fotos. Transformava cenas pitorescas em lindas paisagens, com versículos bíblicos, frases e conteúdo encantador. Os irmãos compravam com prazer, além de fazê-lo para ajudá-la.
 
Ela era incentivada a procurar um emprego. E tentava. Mas a crise no Brasil fechara a porta para as jovens sem experiência profissional. Ela não desistia. Também era incentivada a procurar um homem crente com quem pudesse namorar e casar. Às vezes sentia-se diminuida por ver todas as outras moças a namorarem, a casarem e a trabalharem, e ela ainda não conseguira nada disso. Ao falar com o pastor, este explicou-lhe que Deus tinha um tempo apropriado para cada coisa e que ela estava seguindo pelo caminho certo, esperando no Senhor. Que continuasse a dar o melhor de si para Deus. Também disse que, se recebesse as bênçãos do Senhor, que permanecesse fiel aos princípios e à fé que abraçara.
 
Formou-se no ensino médio e foi encontrada por um dono de estúdio de fotografias. Eles gostaram dos arranjos que ela fazia e a convidaram para trabalhar. Ela, feliz e alegre, foi à igreja celebrar este maravilhoso acontecimento. Os irmãos choraram de alegria. O pastor celebrou com muita satisfação esta bênção. E fortaleceu-a na fé, dizendo que, se fosse do agrado do Senhor, Ele proveria alguém para ser seu companheiro, mas no tempo certo e do jeito dEle. Que ela continuasse tão fiel quanto fora até então.
 
Mas tal não aconteceu, infelizmente. Maria já não frequentava os cultos com regularidade. Deixou a sua classe de escola bíblica e não estava presente em todos os domingos. Ela se justificava, dizendo que tinha muito trabalho para fazer e que precisava do domingo para dar conta de suas tarefas. Para todos isso era absolutamente normal. Para o pastor e uns poucos consagrados, aquilo era fumaça, e onde havia fumaça havia também o fogo: Maria estava abandonando a fé.
 
Num domingo à noite apareceu ao lado de um rapaz bonito, porém não crente. Ele ostentava tatuagens em várias partes do braço. Estava de bermuda. Maria sabia que o pastor não admitia esse tipo de vestimenta no culto, mas ela não mencionou isso ao rapaz. De mãos dadas no culto, abraçados constrangedoramente ao final, Maria desfilava com o garoto. Parecia outra mulher, estava arrogante e orgulhosa. Foi embora no carro importado do rapaz. No domingo seguinte apareceu com uma tatuagem de rosa na beira do pescoço. E em três meses desapareceu da igreja.
 
Maria sucumbira ante o brilho deste mundo. Caíra na armadilha que Satanás preparara desde a fundação do mundo, buscando levar ao Inferno o maior número de pessoas. Maria perdeu a fé. Ou melhor, demonstrou que sua fé não tinha consistência. Enquanto era frágil e não tinha firmeza, usou a fé como muleta. Quando conseguiu o que queria, deixou a muleta e andou com as próprias pernas, longe de Deus. Maria não perdera a sua salvação; ela apenas demonstrava que nunca a tivera realmente. Como foi triste...
 
Jovem que me lê neste dia, ouça-me: isto é o que acontece quando Satanás nos engana e ludibria. As páginas do Velho Testamento estão repletas de exemplos disto. Israel, a nação do Senhor, recebera uma terra boa para viver, onde manava leite e mel. Bastou uma colheita abundante, bons empregos e paz na vizinhança, para que eles abandonassem o Deus verdadeiro e a obediência aos mandamentos. Então a mão do Senhor pesava sobre eles. Perdiam tudo, seguiam na miséria. Arrependiam-se, buscavam a Deus; recuperavam-se. E logo caíam novamente.  E,  ao final, perderam a bênção, pois a paciência de Deus tem limite.
 
Portanto, eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos. (Mt 21:43)
 
Jovem, não troque Deus por um prato de lentilhas! Não troque a fidelidade ao Senhor por um bom salário, um bom emprego, uma boa namorada, um lindo namorado, um carro importado, uma posição social ou um desejo concretizado. Tudo isso passa e a vida seguirá o seu curso. Lá na frente você verá o quão tolo foi!
 
Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento; (Ec 12:1)
 
Não faça do Senhor uma muleta enquanto não tem tudo o que quer. Deus não é bolsa família, não é aspirina, não é balcão de empregos ou site de namoros. Deus é Pai, é Senhor, é Rei, é Mestre, é Soberano. Uma relação real com Ele deve existir nas horas de carência e nas horas de fartura. Se não for assim não há honestidade na fé.
 
Certa feita Jesus curou dez leprosos que clamavam para Ele. Curou-os gratuitamente, com amor e consideração. Nove foram embora e não mais voltaram. Apenas um regressou para agradecer. Então Jesus lamentou:
 
Não foram dez os limpos? E onde estão os nove? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro? (Lc 17:17-18)
 
Muitas Marias, Joões, Pedros e Anas continuarão a aparecer nas igrejas de Deus. Virão humildes, simples, buscando bênçãos e ofertando a vida. Nove em cada dez, depois de receberem as bênçãos, deixarão o Senhor, pois já encontraram o que buscavam: queriam a bênção. Um apenas ficará, escolherá o caminho da vida e se manterá fiel, dando a Deus a honra devida. E não aceitará vender a alma para ficar com o mundo; permanecerá no Senhor, ainda que perca tudo.
 
Jovem, não siga a Maria. Siga a Jesus.
 
E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim. (Mt 10:38)
 
Wagner Antonio de Araújo

28/08/2017

memórias literárias - 514 - EU NÃO CONCORDO

EU NÃO
CONCORDO

514
 
Na sala de aula o professor expõe os fundamentos da análise sintática. Um aluno levanta-se e discute: eu discordo. Acho que cada um deve fazer a análise que quiser. E a aula termina com grupos divergentes diante de um professor estático, que contempla a que ponto chegou a chamada "democracia". Pensa ele: "há futuro para a língua portuguesa brasileira?"
 
Na mesa de cirurgias do hospital universitário um mestre veterano ensina como operar o esôfago. Dois alunos se interpõem: "Nós discordamos; cremos que se o corte for naquela região será melhor". A cirurgia torna-se um debate e o mestre deixa a mesa após fechar o cadáver usado como exemplo. Medita: "o que há de ser da cirurgia médica diante desta geração que prefere opinião ao bom senso à luz das seculares experiências cirúrgicas?"
 
No tribunal o juiz dá o veredito. O promotor levanta-se e diz: "Divirjo de sua maneira de julgar". O advogado interrompe e afirma: "Conquanto concorde que o juiz errou, também divirjo do promotor". E o juiz, rouco de mandá-los se calar, manda os policiais retirarem os debatentes. Os policiais respondem: "Acho que não vamos acatar, uma vez que divergimos de todos vocês"...
 
O pastor ensina o que a Bíblia diz. Uma membro levanta-se e rebate: "Não concordo. Em minha visão eu creio de forma diferente e não vou me adequar a isso". Os membros, em assembléia, afirmam: "Ainda que a bíblia ensine assim, achamos que cada um tem direito à sua liberdade e não podemos julgar a ninguém; vamos deixar como está". E o pastor, perplexo, diz: "Que igreja é essa? Aonde isso chegará? Não se pode ensinar, não se pode disciplinar; o que estamos fazendo aqui então?"
 
Este é o tempo de hoje. Todos criticam a todos, todos questionam a tudo. Alguém que não sinaliza a mudança de faixa no trânsito quer ter razão contra o outro motorista que protestou. Alguém que exige prestação de contas do dinheiro público ouve das autoridades que naquele caso não é necessária a comprovação dos gastos. Conceitos sexuais, biológicos e morais são questionados pelos meios de comunicação, famintos pelo lucro da audiência e a popularidade de suas versões, trazendo à nova geração a confusão absoluta e a falta de âncora para a embarcação social e moral.
 
Igrejas surgem com os nomes mais esdrúxulos, sempre apontando para o novo. Novo ministério, nova aliança, nova dimensão, nova revelação, novo espírito. Sem generalizar com alguma igreja boa que leve esses nomes, vemos que proliferam ministérios e igrejas que fazem tudo do jeito que querem, sem atribuir juízo de valor ao que a Bíblia ensina. Pastores sérios em igrejas sérias vêem-se em dificuldades para controlar o comportamento dos membros de suas congregações, pois ensinam uma coisa no púlpito e são obrigados a ver em publicações sociais de seus membros um comportamento antagônico ao ensino. A disciplina torna-se difícil à luz dos julgadores, cujo compêndio diretivo não é mais a Palavra de Deus, mas a opinião das famílias, dos grupos, das gerações. E assim o palco de Babel, da confusão absoluta vai se proliferando em toda parte, causando espanto a quem não consegue enxergar razão para tanta confusão e falta de obediência aos ensinos do Senhor.
 
E tudo começou com a médium do Éden, a serpente que ludibriou Eva. "É assim que Deus disse? Pois eu não concordo, creio que Deus está errado". E assim o espírito daquela cobra invade a presente geração, aniquilando todo e qualquer ensino substancioso e bem fundamentado. Cultura, ciências, astronomia, costumes, sexualidade e doutrinas bíblicas estão sucumbindo ante o "não concordo com isso".
 
Estes tempos foram previstos pela Bíblia.
 
Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; (2Tm 4:3)
 
Quando não conseguem impor os seus valores invertidos, buscam igrejas que concordem com suas novas regras. Até que chegará o dia em que outro grupo interno entrará em mutação, em confronto, criando a seguir nova igreja, até que o Senhor ponha fim a essas aberrações.
 
O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus. (2Ts 2:4)
 
O espírito de oposição aos valores bíblicos se chama anticristo. Tudo aquilo que aniquila a pessoa de Deus ou o ato legítimo de adoração espiritual é estratégia deste ser maligno. O culto nos nossos dias deixou de ser dirigido a Deus e passou a agradar ao gênero humano. "Um culto do jeito que gostamos, da maneira que nos agrada, com coisas que nos envolvem". E assim cada um oferece o que quer: uma ginga, uma dança, um malabarismo, uma tatuagem, um piercing, uma veste estravagante, a unção com um tipo de óleo, um objeto de adorno ao culto, um estilo de música e dança etc. Uma igreja ao gosto do freguês, porque tais igrejas são antropocêntricas, buscando a satisfação humana, colocando o homem no lugar de Deus, assentado como Deus, no templo de Deus, fazendo-se o seu próprio Deus.
 
Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida. (Ap 2:10)
 
Um remanescente fiel persiste. É um povo que não se submete às vontades dos que não concordam. Um povo que não contradiz o óbvio, que não é mutante dos valores e do bom senso. Um povo que fez da inteligência uma ferramenta e da sabedoria o seu tapete, que encontra na verdade o seu caminho. Tal povo não faz parte dos que bombardeiam os marcos dos antigos, que destróem conceitos, que estraçalham qualquer norma. Pelo contrário, buscam na verdade o fundamento, na sabedoria o crescimento, na obediência a realização. Em se tratando de fé, fazem da Bíblia lâmpada, luz, farol, bússola, caminho, bandeira e manual. E não se submetem aos novos caminhos propostos por quem endeusou a opinião como o lado certo.
 
Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. (Jo 17:17)
 
Quanto ao mundo em que vivemos, eis que o curso atual do "eu não concordo" continuará, até que Cristo regresse e desvende o engodo dos mudadores de valores.
 
Quem é injusto, faça injustiça ainda; e quem está sujo, suje-se ainda; e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda. (Ap 22:11)
 
Se o meu leitor não concorda, é seu direito.
 
Mas tome cuidado para não deixar que a opinião sobrepuje a revelação...
 
Wagner Antonio de Araújo

28/08/2017

sábado, 26 de agosto de 2017

memórias literárias - 513 - UMA IGREJA EVANGÉLICA

UMA IGREJA
EVANGÉLICA


 
513
 
O que se vê hoje em nome de IGREJA EVANGÉLICA é por demais absurdo. Basta acessarmos o youtube e encontramos aberrações que nos dão asco e revolta. "Pegou fogo na igreja", e mostram um galpão fétido, cheio de gente aglomerada, um pastor suado, berrando e babando com gente estirada no chão. "Unção profética", e vemos um suposto apóstolo descalço, com os pés nos pés de outro incauto, alguém a derramar um galão de azeite na cabeça de ambos e o povo girando como possessos de espírito imundo. Buscamos "Louvor" e contemplamos gente com a língua para fora, berrando como loucos, e um artista cuspindo no microfone ao som de músicos que arrebentam baterias, guitarras e teclados. Que conceito esses falsos cultos passam sobre IGREJA EVANGÉLICA?
 
Esta é uma época sem paradigmas, sem parâmetros, sem regras. Ela assemelha-se ao tempo dos juízes de Israel, onde cada um fazia o que melhor considerava. Lembra-nos também um outro período histórico, quando o reino de Israel dividiu-se em dois, Judá (Reino do Sul) e Israel (Reino do Norte). Jeroboão, rei do norte, decidiu inventar a religião ao seu belprazer. Fez bezerros de ouro, estabeleceu seus próprios sacerdotes e inventou um sistema de cultos, chamando aquilo de adoração a Deus. O povo aceitou! Quando Ezequias, rei de Judá, convidou o povo do norte para vir adorar a Deus no templo, em Jerusalém, conforme os ensinos de Moisés, o povo do norte riu-se e zombou do convite. Para quê? Cada um prestava o culto que queria.
 
Assim é o nosso tempo. O cidadão deixa uma igreja decentemente organizada, abre uma garagem, faz sua própria consagração, coloca roupas chamativas, levanta uma placa cheia de promessas (cura divina, libertação, amarração no amor), enche o salão, arrecada suas ofertas e chama aquilo de "ministério". Abre filiais de arrecadação, paga alguns artistas para fingirem milagres, torna-se popular, compra o direito de pregar num grande congresso neopentecostal, torna-se famoso e estabelece um império. É vergonhoso!
 
Nada mais distante de uma autêntica igreja evangélica. Como elas eram? Como são as verdadeiras igrejas evangélicas?
 
Elas são constituídas de pecadores convertidos a Cristo. São pessoas comuns, confrontadas com a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada. Nela descobrem-se pecadores perdidos, carentes de salvação. Um evangelista lhes apresenta o único caminho de reconciliação com Deus: Jesus Cristo. Ele é a porta, Ele é o pastor, Ele é o pão da vida, a água da vida, o salvador. Estas pessoas entregam-se a Cristo, submetem-se ao batismo e prestam culto a Deus com constância. Nestes cultos priorizam a adoração a Deus, a proclamação do evangelho e o serviço ao próximo. Isto é igreja evangélica.
 
Nestas igrejas o culto é racional, não emocional. Eles não berram como loucos, gemem como dementes, tomam choques como se estivessem possuídos. O culto que prestam é algo feito com o coração e com a mente. Podem sorrir, podem chorar, podem dar glória a Deus, mas não agem como dementes ou irracionais. Um culto evangélico não causa vergonha a um visitante. Um culto evangélico não deixa a razão na porta de entrada. Um culto evangélico busca a comunhão com Deus, que pode ser audível ou silenciosa. Aliás, no silêncio de um momento de oração encontra-se a mesma experiência que Elias teve no monte Horebe, ao ouvir a voz de Deus, que não estava nem no movimento da ventania, nem no chacoalhar do terremoto e nem na quentura do fogo.
 
Na igreja evangélica as pessoas participam com ordem e com decência. Elas oram, mas uma de cada vez, para que possam dizer amém à oração do outro. Elas cantam, procurando harmonizar o seu canto ao de toda a congregação. O canto é fundamentado na Bíblia, não em experiências estranhas. São cânticos coletivos, para a congregação, de exaltação a Deus. Há solos, duetos, corais, quartetos e músicas instrumentais. A plataforma dos músicos não é palco, é espaço para que os músicos toquem, tão-somente. O culto evangélico é compreensível na mensagem, audível na sonoridade, convincente na mensagem.
 
A pregação evangélica exalta a Cristo, não ao homem. O pregador prega. Suas mensagens são inteligíveis, são fundamentadas na Bíblia. Ele não entra em êxtase, como se estivesse a receber um espírito. O Espírito Santo não cria confusão, mas edificação. Uma mensagem evangélica apresenta Jesus como Salvador e Senhor. A mensagem convida o povo a receber Cristo em seu coração, edifica os já convertidos em sua fé e promove o amor a Deus e ao próximo. As pessoas que ouvem a mensagem saem esclarecidas, não perturbadas.
 
O culto é agradável e não visa a promoção pessoal. Cada parte do culto tem o objetivo de adorar a Deus, anunciar a salvação e trazer glória ao Senhor. Todos agem com ordem e com decência, sem confusão. Respeita-se o salão de cultos como um local especial, como um local de adoração, sagrado. As pessoas sabem que estão numa igreja e não num mercado, numa lanchonete ou numa sala de shows.
 
Numa igreja evangélica os membros são dizimistas ou ofertantes contínuos. Eles mantém a igreja à custa de suas voluntárias doações, cujo orçamento e administração são conhecidos e claros. O pastor não é o tesoureiro, não recebe as ofertas como suas. O pastor recebe prebenda, que é o salário pela sua dedicação ao trabalho eclesiástico. Essa prebenda é definida pela própria igreja, não por ele mesmo. E a propriedade não está em seu nome, mas no nome da comunidade que pastoreia. Assim, o pastor serve, não é servido. A igreja o mantém, não o enriquece. As ofertas e dízimos servem para manter o patrimônio, manter o serviço pastoral, auxiliar o próximo e cumprir com suas obrigações sociais. E tudo muito bem claro, contabilizado e oficializado.
 
Esta igreja evangélica não causa tumulto no local onde está sediada. Ela não coloca suas caixas acústicas à porta, para atrapalhar a vizinhança com o som do culto que na área interna se processa. A vizinhança pode incomodar-se com os muitos carros que estacionam no quarteirão do templo, mas jamais se incomoda com a barulheira ou o tumulto, pois estes crentes não causam isso. São respeitadores, são pacíficos, não são invasivos. Eles respeitam a privacidade da vizinhança. E são benquistos, uma vez que só trouxeram boas coisas para o local.
 
Ah, como está difícil encontrar uma igreja assim! A igreja que o leitor frequenta é assim? Meus parabéns! Uma igreja evangélica é assim. E se hoje há inúmeras que não são, é porque em algum momento histórico da vida destas outras congregações decidiram seguir os seus próprios modismos, as suas próprias regras e não aquelas que a Palavra de Deus estabeleceu. Eles mudaram a tradição dos antigos, mudaram o comportamento litúrgico, contemporizaram as suas reuniões à luz de seus próprios meios, não à luz da razão, do bom senso e da orientação bíblica. Cada um faz o que bem entende e assim IGREJA EVANGÉLICA torna-se qualquer coisa, menos aquilo para o que ela nasceu.
 
Dou graças a meu Deus por ser membro de uma IGREJA EVANGÉLICA que ainda segue as orientações bíblicas como norma de fé e prática. Dou graças ao Senhor por ser um pastor que não inovou, não inventou, não contemporizou na liturgia e no procedimento eclesiástico. A bíblia não foi confiada a mim ou à igreja que pastoreio para ser melhorada, submetida à releitura, alterada ou atualizada. Ela é suficiente, ela é adequada e é nela que edificamos a nossa fé.
 
Que Deus mantenha as IGREJAS EVANGÉLICAS que ainda o são! Que Deus tenha misericórdia de crentes que não encontram uma assim para servir ao Senhor!
 
Wagner Antonio de Araújo

26/08/2017

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

memórias literárias - 512 - CACHORRO LOUCO

CACHORRO
LOUCO

512
 
 
Agosto é mês de cachorro louco, já diziam os antigos. Contudo, creio que há um cachorro louco em cada crente que se sente atingido em sua suposta "liberdade", "privacidade", "honra". Há uma tremenda inversão de valores! Há pobres sem comida no armário, mas com antena parabólica e celular de última geração no bolso! Tudo fruto da perversão desta atual geração, diferente do sentimento bíblico implantado por Jesus no peito de Seus seguidores:
 
Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes. (Mt 5:42)
 
E, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas. (Mt 5:41)
 
Ninguém busque o proveito próprio; antes cada um o que é de outrem. (1Co 10:24)
 
O irmão foi ao shopping center. Gastou cem reais em ingressos de cinema para toda a família. Consumiu oitenta reais na praça de alimentação e 25 reais de estacionamento. Veio supimba a compartilhar com o tesoureiro da igreja. Este, muito eficazmente, lhe pergunta: graças a Deus pela sua possibilidade financeira em prover uma diversão à sua família. À propósito, o irmão entregou o seu dízimo?"
 
- AU! AU! AU! Apareceu o cachorro louco!
 
"Quem é o senhor para me cobrar o dízimo? Ora, quem diria, cobrando a fé? Eu dou dízimo ou oferta quando quiser! O senhor me perguntou se estou podendo? A vida está difícil, tenho tantas contas para pagar! Que audácia me cobrar! Eu trabalho e ninguém paga as minhas contas. Cuide de sua vida!"...
 
A irmã comprou ingressos para toda a família. Queriam ver aquele cantor gospel internacional. Ele só pode apresentar-se num INTERNATIONAL HALL. Cada ingresso custa cem reais, ela comprou quatro. O carro? Só no estacionamento principal, com manobrista, cinquenta reais. A pipoca e o refrigerante na entrada, mais cinquenta. Foi um show e tanto! Na saída camisetas e brindes para todos, trezentos reais. No domingo é o assunto do momento entre as irmãs. Até que a presidente das senhoras diz: "Irmã, estamos juntando dinheiro para pagar o ônibus que nos levará ao recanto dos avós. Com a sobra compraremos uns presentinhos para os velhinhos. A senhora vai participar?"
 
- AU! AU! AU! Apareceu o cachorro louco!
 
"Se eu fosse participar teria dito. Mas agora é que não participo mesmo. Onde já se viu? Cobrar sessenta reais de cada uma de nós! A senhora acha que nadamos em dinheiro? A senhora acha que temos recursos disponíveis assim, para gastar à toa? Tenho crianças, tenho mensalidades escolares. Não darei um tostão e não conte comigo!"
 
Aquele irmão foi para o hospital. Lugar difícil, ou se vai de taxi ou de carro, mas era dispendioso. Ficou trinta dias internado. O pastor foi visitá-lo seis vezes. Deus sabe de onde tirou o recurso para pagar a despesa. Graças a Deus o irmão ficou bom. Na sua volta à igreja o pastor ora por ele. Depois, ao final do culto, o pastor fala sobre a campanha de construção e a necessidade de dízimos. Falou genericamente, instando pela participação de todos.
 
- AU! AU! AU! Apareceu o cachorro louco!
 
Na rodinha de irmãos no estacionamento, enquanto faziam uma coleta de cinquenta reais de cada um para terminar a noite na pizzaria, aquele irmão, o doente tão visitado e que já estava bom, ladra: "Que pastor pedinte! Não para de pedir dinheiro! Fica com esse nhên nhên nhên, o que ele faz com os dízimos? Está pensando o quê! Eu não vou dar é nada. Acha que tenho dinheiro de sobra?"
 
Quantos cachorros loucos esparramados pela igreja! E é fácil identificá-los: fale das necessidades no Reino de Deus, fale de campanhas de construção, de ajuda humanitária ou de fidelidade na observância do dízimo. Eles aparecem. Ladram, latem, fazem um barulhão. E, não raras vezes, mordem! Amanhã chorarão, quando colherem o fruto de suas más escolhas.
 
É preciso uma vacina entre o povo de Deus, condicionada em livros da capa preta, às vezes com beira dourada, outras não, com o seguinte selo: BÍBLIA SAGRADA. Ali existe o antídoto contra o cachorro louco da ganância e da inversão de valores. Aqui está uma mostra:
 
Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente, e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura. (Is 55:2)
 
Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. (Mt 6:33)
 
E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? (Tg 2:16)
 
No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar. (1Co 16:2)
 
E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui. (Lc 12:15)
 
Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria. (2Co 9:7)
 
Que Deus tire o cachorro louco de dentro de nossos corações!
 
Opa,
 
O que escuto ao longe?
 
Au! Au! Au!
 
Passa, cachorro!
 
...
 
Wagner Antonio de Araújo

18/08/2017

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

memórias literárias - 511 - ESTOU MALUCO?

ESTOU
MALUCO?

511
 
Quando eu me converti em 1980 a questão era binária: ou se era um crente em Jesus Cristo, ou não se era. Simples assim.
 
O tempo passou. Faz 37 anos que eu encontrei o Salvador e tornei-me um crente.
 
Muitos creram no Senhor naquele tempo, pessoas de meu convívio. Ao longo do tempo o mundo mudou e a fé também, não a minha e não a de todos aqueles co-irmãos, mas a de muitos deles.
 
Um era cristão e tornou-se "cristão judaizante". Em sua página o tema não é Jesus, é Israel. Sua prédica é judaizante; seus costumes são judaicos. Ele celebra o shabat, come comida judaica e canta canções judaicas. E continua a considerar-se cristão.
 
O outro crê em Cristo dentro de casa. Não vai mais à igreja. Ele disse que todas as igrejas são formadas por pecadores. Logo, ele não se considera um, pois, do contrário, diria que são formadas por gente como ele. Falou que o principal de Cristo é o amor e que não precisa congregar. Ele ainda se considera cristão.
 
Um outro virou pagodeiro de Cristo. Com roupas de pagodeiro, roda de pagodeiros, cerveja de pagodeiros, ele vai de bar em bar com um grupo de pagode, a cantar corinhos em ritmo de samba. Ele não tem dificuldades em cantar um samba partido alto ou samba-canção. Tudo é música. Ele formou uma igreja do pagode. Não tem cultos, tem roda de adoração. Ele se acha cristão.
 
Um outro fotografou-se com um charuto à boca. Noutra foto está com uma tulipa de cerveja. Cara de embriagado. E ainda escreveu: "fazei tudo para a glória de Deus". Ele considera-se predestinado, não crê que nada frustrará a sua salvação. Só não vive com Cristo e nem com os compromissos assumidos. Ele se acha um cristão e um predestinado.
 
Enfim um outro virou filósofo cristão. Filtrou todo o ritual e todos os compromissos eclesiásticos e ficou com o sumo, segundo diz. São princípios que se aplicam a qualquer religião, mesmo a quem se diz ateu. Para ele o cristianismo é apenas uma tentativa humana de evolução. Ele se denomina cristão livre. Diz frases de efeito, faz palestras de auto-ajuda e não tem compromisso com igreja. Ele se identifica como cristão.
 
As pessoas enlouqueceram? O que houve? Foi a comida, a bebida ou algum produto químico ingerido? Como puderam abortar a simples fé salvífica que os fez cristãos, que perdoou os seus pecados e lhes deu a incumbência de serem portadores de boas-novas? Por que trocaram a igreja pelo nada, porque fizeram os seus próprios caminhos e sepultaram as suas bíblias?
 
Do que, desviando-se alguns, se entregaram a vãs contendas; (1Tm 1:6)
 
Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia. (Hb 10:25)
 
Receio de vós, que não haja trabalhado em vão para convosco. (Gl 4:11)
 
Não removas os antigos limites que teus pais fizeram. (Pv 22:28)
 
Pois também eu te digo que tu és Pedro (pedregulho) , e sobre esta pedra (Rocha)  edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; (Mt 16:18)
 
Uma destas pessoas me reencontrou. Disse: "É incrível que você tenha permanecido o mesmo desde a sua conversão! Você é igualzinho, crê do mesmo jeito! Isto é um caso raro de não-evolução!" Eu agradeci a crítica, que para mim tornou-se um grande elogio.
 
Não me converti para abandonar a fé, para mudá-la, para alterá-la. Converti-me porque encontrei o meu caminho. E este caminho é o revelado pelas páginas dos evangelhos e por toda a Bíblia. E ela não muda. A vida tem uma explicação simples para mim, a mesma que tinha para eles: eu era um pecador perdido, Cristo morrera por mim; ele ressuscitara, prometera vida eterna a quem o confessasse como único salvador. Eu fiz isso e fui transformado em nova criatura. E tornei-me cristão, pregoeiro da Palavra, para que outros também encontrem em Jesus a razão de suas vidas. Diante do exposto, por que eu iria mudar? Eu não procuro respostas, não adapto as que tenho ao sabor da época, da mudança dos tempos ou às minhas necessidades. A vida cristã não é um self-service, onde eu me sirvo do que quiser; ela é um prato feito, onde eu como o que o meu Senhor servir. E Ele me dá todo o conselho dEle, mediante as Escrituras Sagradas.
 
Não, eu não enlouqueci. Eu apenas me converti de verdade.
 
Espero que estes meus companheiros de início de jornada revisem o capítulo atual, porque não está bem escrito.
 
Wagner Antonio de Araújo

17/08/2017

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

memórias literárias - 510 - A ORAÇÃO QUE É OUVIDA - SÉRIE: CONSOLO NOS SALMOS No. 12


A ORAÇÃO

QUE É OUVIDA

Série:
CONSOLO NOS SALMOS
No. 12



510


Olá! Aqui é o Pr. Wagner Antonio de Araújo. O livro dos Salmos é uma fonte especial de consolo para aquele que confia em Deus. E um trecho que muito nos consola é o que se encontra no Salmo 6, versículo 9: “O Senhor ouviu a minha súplica; o Senhor acolhe a minha oração”.


O autor, o Rei Davi, dizia neste texto que Deus escutara o seu clamor. Ah, quão preciosa é a certeza de que a oração que fizemos foi acolhida por Deus! Como isso nos conforta! Mas, sinceramente, como saberemos que Deus nos ouviu? Ele ouve a todas as orações?



Ouvir, isto é, conhecer que Lhe pedimos, ele conhece todas. Nada é desconhecido diante de Deus. Mas acolher a oração, isto é, responder àquilo que suplicamos, nem sempre. Davi mesmo disse, em outro salmo: Se eu atender à iniqüidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá; (Sl 66:18). Isto significa que, se o meu coração não estiver em paz e em ordem com Deus, Ele escutará, mas não me atenderá. Uma outra razão para a nossa oração não ser ouvida é quando não é feita em nome de Jesus. Foi Ele quem disse: E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. (Jo 14:13). Pedir em nome de Jesus é usar a autoridade confiada pelo Pai aos pedidos de Jesus: não temos mérito algum para suplicar ao Senhor, mas, se formos em nome de Seu Filho, Ele acolherá a nossa súplica. E um terceiro motivo é pedir algo pelos motivos errados. Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites. (Tg 4:3). Isto significa que, se pedirmos a Deus apenas para um deleite, para a ostentação, para nos sentirmos poderosos e orgulhosos, por vaidade pura, Deus também não nos acolherá.



Uma oração diante de Deus deve ter o propósito de glorificá-Lo e de anunciar a Sua bondade! A um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus. (Sl 51:17) Quem busca a Deus em oração e o faz com a humildade de quem aceita a vontade de Deus como ideal, terá a garantia de ser acolhido e atendido. E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. (1Jo 5:14)
Vale a pena orar? Sim, vale! Quando oramos temos a possibilidade de apresentar a Deus as nossas razões e obter dEle a resposta melhor! Conta-nos a Bíblia sobre um homem chamado Jabez. Sua mãe sofrera para tê-lo e dera-lhe um nome que lhe trazia tristeza: “aquele que gerou dor”. Era uma lembrança constante de que Ele fora motivo de sofrimento. Em um determinado momento da vida, quando isso certamente lhe trazia sofrimento, fez uma oração: Oh! Tomara que me abençoes e me alargues as fronteiras, que seja comigo a tua mão e me preserves do mal, de modo que não me sobrevenha aflição! E Deus lhe concedeu o que lhe tinha pedido"  (1Cr 4:10) Ele orou com fé, com humildade, reconhecendo ser Deus o único que poderia neutralizar a tristeza que, inconcientemente, carregava. E Deus o atendeu! 



Ore a Deus agora, com fé, com confiança, com humildade, e Ele acolherá a sua súplica. Que Ele nos abençoe. Amém!



Wagner Antonio de Araújo

16/08/2017

(mensagem especialmente preparada para a EBAR - Escola Bíblica do Ar, à convite da irmã Ana Maria Suman Gomes). 

terça-feira, 15 de agosto de 2017

memórias literárias - 509 - PASTOR SEM MINISTÉRIO

PASTOR SEM
MINISTÉRIO

509

José era pastor. Vestia-se com roupas sociais. Usava linguagem culta. Tinha porte acolhedor. Falava de Cristo. Mantinha-se em oração. Um dia deixou o pastorado por motivos de desentendimento local. Não foi convidado para outra igreja. Procurou uma colocação profissional. E deixou a roupa que usava no guarda-roupa. A linguagem que usava foi trocada pela fala comum de quem não precisa mais guardar-se por respeito. O acolhimento que demonstrava acabou; agora foi cuidar da própria vida. A oração deixou as madrugadas, os momentos específicos e tomou o lugar daquelas coisas que só de vez em quando fazia.  Sua frequência à igreja, tão consagrada e contínua, passou a ser esporádica, quase nula, idêntica aos crentes frios a quem tanto exortava. Fui falar com ele. Suas justificativas eram severas: recebera injustiças, tornara-se perseguido, perdera chances profissionais na dedicação ao ministério e agora não conseguira nada para o futuro da família. Agora iria ser feliz.

Que tristeza! Há tantos Josés ex-pastores atualmente!

João era pastor. Já não pastoreava mais. A sua última igreja o dispensara, dizendo que ele não tinha mais condições de conduzir o rebanho. Ele, que vestia-se socialmente, usava linguagem culta, tinha porte acolhedor, falava de Cristo e mantinha-se em oração, continuou a fazer as mesmas coisas. Encontrou um serviço que o ajudava a pagar as contas. Mas no restante do tempo participava ativamente da igreja de seu bairro. A casa para onde se mudou tornou-se um centro de ajuda espiritual, pois muitos crentes iam até o seu escritório para orar e conversar. Ele distribuia folhetos, literaturas e pregava em cultos nos lares. Às vezes o pastor da igreja o convidava para pregar no púlpito. Ele nada recebia por isso. Mas era de  uma decência magistral! Não havia quem não dissesse que ele era pastor. Mesmo sem rebanho, João decidira ser pastor para a vida inteira. E ERA!!!

A diferença entre os dois, entre José sem ministério e João sem ministério era simples: José pastoreou por um tempo, mas João foi feito pastor para toda a vida. Um trabalhou na função, o outro encarnou o ministério. Um pregou, evangelizou, dirigiu, mas não resistiu à injustiça recebida. O outro não vivia em função do que os outros pensavam ou do que os outros lhe dessem; ele era pastor porque Deus o vocacionara. E acreditou que a imposição das mãos do presbitério para a sua consagração independeria de estar ou não na ativa à frente de uma igreja. Em qualquer lugar João seria pastor, estivesse ou não à frente de um rebanho. Por outro lado, em qualquer lugar que José pastoreasse seria um infeliz, pois o seu coração não estava na vocação pastoral.

Em minha vida eu já vi muitos bons pastores. Mas vi maus pastores em maior quantidade. Já vi pastores que se mantiveram pastores depois das igrejas. E já vi outros, muito mais numerosos, que me surpreenderam com as vidas relapsas que assumiram após o último pastorado. Enquanto pregavam exigiam que os crentes fossem fiéis. Quando não pregaram mais tornaram-se infiéis.  Sem púlpito deixaram os valores e consagraram-se como a encarnação dos comportamentos dantes condenados. E isso é muito triste. Todos são livres para agir como quiserem. Mas a incoerência dói na alma de quem contempla!

O Pr. Timofei Diacov deixou o ministério pastoral há muitos anos. O Pr. Zacarias Lima também. O Pr. José Vieira Rocha também. No entanto, independentemente de estarem ou não à frente de uma igreja, continuam brilhando por Jesus e totalmente identificados com a fé que pregaram por décadas. Eles não precisam de um ministério local à frente de uma igreja para serem pastores. Eles o são por natureza! Ministério para eles foi uma metamorfose na vida, não uma casca que se desgastou. Onde eles estiverem, caminhará com eles o ministério que os impregna. São pastores do tipo João!

Mas há outros tantos que conheço, sem ministério, que precisaram trabalhar fora, que se desfiguraram. Perderam o foco da fé. Perderam o referencial de servir a Deus por causa de Deus; hoje servem a Deus limitadamente ou nem o servem mais. Se eles fossem as suas próprias ovelhas ontem, inspirariam os seus próprios cuidados, sendo classificados como crentes carnais. Hoje vivem assim, sem nada de ministério e, quiça, sem quase nada de cristianismo. Suas páginas no facebook têm de tudo: política, entretenimento, esportes, viagens, piadas, família. Só não tem evangelho. Nada. Nem mensagem, nem palavra, nem bíblia, nem hino, nem igreja, nem compromisso. Nada. Passam despercebidos como crentes; quem dirá como pastores!

Hoje sou pastor local. Pode ser que um dia que a minha igreja me desconvide, ou que eu a deixe, e que não receba convite algum para pastorear. Terminarei o meu ministério? Deixarei de ser pastor? JAMAIS! Quando o Senhor chamou-me naquele hospital em 1982, onde eu me preparava para morrer, disse-lhe: "Se o Senhor não me levar agora, deixarei a carreira de engenheiro agrônomo, que tanto queria, para dedicar o resto de minha vida à pregação do evangelho". E isto faço. Com a força do Senhor quero fazer isso até partir.

Pastores que me lêem, sejam pastores na ativa ou sem igreja: Vocês não dependem dos homens, mas do chamado que receberam de Deus! A fidelidade aos ensinos bíblicos não deve subordinar-se à exigência laboral; ela é uma necessidade premente de nossas vidas até a morte, diante de Deus! Ainda que ninguém lhes veja como pastor, vocês devem trazer à memória o concílio que os consagrou, o dia da ordenação e, principalmente, o dia do seu chamado pelo Senhor. Não sejam mundanos, não se condenem hoje com práticas contra as quais pregaram! Não abandonem a fé!  Não sejam negligentes!   Por cujo motivo te lembro que despertes o dom de Deus que existe em ti pela imposição das minhas mãos. (2Tm 1:6). Não sejam como aqueles que abandonaram o Apóstolo Paulo: Porque Demas me desamparou, amando o presente século, e foi para Tessalônica, Crescente para Galácia, Tito para Dalmácia. (2Tm 4:10). Ninguém me assistiu na minha primeira defesa, antes todos me desampararam. Que isto lhes não seja imputado. (2Tm 4:16). Que sejamos dignos da promessa de Cristo: Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida. (Ap 2:10)
Wagner Antonio de Araújo

15/08/2017

memórias literárias - 1477 - CHORA, Ó RAQUEL...

  CHORA, Ó RAQUEL...   1477   Quando o Senhor Jesus Cristo fez-Se homem, nascendo do ventre de Maria, Herodes o Grande desejou matá-Lo...