terça-feira, 13 de junho de 2017

memórias literárias - 457 - INTOLERANTE SOU

INTOLERANTE
SOU
457
Você não leu errado. Eu não quis dizer "não sou intolerante". Quis dizer que sou intolerante mesmo. Não apenas eu. O próprio Deus o é. A moda hoje é proclamar a condenação à intolerância em todas as suas formas. E a generalização é sempre deficiente, pois, em assuntos como matar, perseguir, torturar, humilhar, ninguém se diz tolerante. A sociedade que quer ser tolerante não tolera o contraditório contra os seus postulados. São intolerantes com os intolerantes. Políticas mutantes, sociologia em movimento.
Mas eu sou intolerante comigo mesmo. E o sou não por ser bonzinho, por ser melhor do que os outros. Eu aprendi na Bíblia, a Palavra de Deus, de que devo ser intolerante com algumas coisas muito comuns, que destróem e corrompem a vida de um cristão. Cito-as e reflito quanto a elas a seguir.
1) INTOLERANTE COM O LIBERALISMO TEOLÓGICO - Sim. Os livros atuais, com boas e poucas exceções, expressam uma teologia diametralmente oposta aos valores milenares das Escrituras Sagradas. Deixou-se de avaliar a vida pelos ensinos bíblicos e teceu-se um manto de interpretação que coincida com os valores corrompidos do Ocidente ou do Oriente, de acordo com o tempo. Assim, tudo o que antes era ensinado como pecado transformou-se em mera citação de usos e costumes. O que antes era princípio transformou-se em preconceito. O que antes era absoluto tornou-se relativo. O que antes era fundamental transformou-se em acessório. Crer em Inferno? Não é fundamental. Crer em Céu? é subjetivo. Acreditar na ressurreição de Cristo? Mera fábula. Nascimento virginal? Pura insensatez. Basta pinçar dos evangelhos os ensinos bons ali contidos e o resto não nos separará. Juntos somos mais! Versões bíblicas são despejadas nas livrarias, com selos de antigas editoras boas, e aos poucos corrompem os púlpitos de igrejas antes fiéis. Num dia desses pedi a um pastor que me mostrasse um versículo trinitário na primeira carta de João. Ele não o encontrou. E ficou perplexo. Eu disse: "no afã de dar à sua igreja a versão que a sua denominação recomendou publicamente, o senhor permitiu que o criticismo acadêmico destruisse irrecuperavelmente a cópia do texto sagrado. Viu onde falhou?" Ele havia comprado duzentos exemplares da tal bíblia, supostamente contemporânea, feita pelos estrelas das editoras atuais.
2) INTOLERANTE PARA COM A IMORALIDADE CONJUGAL - Tornou-se comum aplicar-se o divórcio aos casais da igreja. Temos a classe de adultos, de jovens, de crianças e o grupo dos casais de um único casamento e outro de diversos casamentos. Hoje o divórcio não inibe ou causa tristeza; apenas identifica que alguém não foi feliz e reconstruiu-se. Pior que isso: o ministério pastoral está sujando a sua plataforma. Por estes dias um pastor falou imoralidades para uma mulher. Seu áudio foi divulgado. E ele disse que já havia confessado e que a igreja não viu problemas. Outro, um cantor desses grupos contemporâneos, pastor, confessou num congresso que vez por outra vinha a São Paulo e servia-se dos préstimos das prostitutas e que precisava de orações, pois constantemente caia nisso. E o povo achou lindo, tanta sinceridade. Ele continua pastoreando e - pasmem, dirigindo encontros de casais! Quando Paulo falava sobre ser marido de uma mulher, ele refletia apenas a sua intolerância. Será? Não. Ele refletia o que Deus esperava do ministro e do crente: fidelidade conjugal. Certamente que há casos em que tais recasados foram vítimas. Reconstruíram suas vidas. Mas tolerar a pornografia, a traição, o adultério, a imoralidade, trazida pelas novelas, programas de TV e páginas virtuais, é outra história. Ou somos intolerantes para com o pecado que tão ferozmente nos assedia, ou comamos e bebamos, que amanhã morreremos!
3) INTOLERANTE PARA COM A RAIZ DE AMARGURA - Ah, como temos rancor das pessoas! Como é fácil transformar uma justa oposição a uma impura amargura! Mudamos de calçada ao contemplarmos alguém de quem não gostamos. Tecemos comentários ácidos contra quem cortamos relações. Pais quebram relações com filhos e estes com pais. Ficam sem falar e isto por anos! Conheci um rapaz de um conjunto masculino, que cantava ao lado do pai. Eles não se falavam há dez anos, mas cantavam juntos com o grupo, viajavam juntos e não se toleravam! Como isto é possível? É possível quando esquecemo-nos da bússola de nossa vida e transformamo-nos no nosso próprio oráculo de fé. Manter rancor está em Wagner capítulo 3 versículo 2. E cada um cria a sua própria versão. O ápice veio de um juiz federal que, publica e veementemente, condenou a quem o criticava e dele dizia supostas mentiras, a "sofrer a ira do profeta", fazendo o gesto de cortar o pescoço, típico dos terroristas e de organizações ocultistas. O detalhe é que aquele cidadão diz-se crente evangélico e que tem pastor! Um crente que crê no profeta islâmico e faz de sua vingança o desejo do coração. Nada mais distante da luz do autêntico evangelho de Cristo.
Sim. Eu não sou perfeito. Eu não sou impecável. Eu sou um miserável pecador, cujos melhores atos não passam de trapos de imundícia. Porém, conhecedor da Palavra de Deus, tenho a obrigação de lutar contra essas tolerâncias ditadas pelo inferno e tornar-me dia após dia intolerante, absolutamente intolerante.
Tenho que ser intolerante para com  o liberalismo teológico. Às favas com os livros modernos que me afastam de Cristo, ou com as bíblias adulteradas da equivalência dinâmica levada às últimas consequências! Manter-me-ei com a minha velha tradução, que não é perfeita, mas que não maculou-se nas águas fétidas da incredulidade acadêmica do século XXI!
Tenho que ser intolerante para com a imoralidade. Quando o meu celular convidar-me a ver vídeos de pornografia, vídeos de piadas chulas, vídeos de fofocas sobre gente pública que nem conheço, deverei fazer como o Apóstolo Paulo: Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado (1Co 9:27)
Tenho que ser intolerante para com a raiz de amargura. Devo ter opositores, mas não deixá-los tornarem-se demônios que me aprisionam ao ódio, à mágoa, ao rancor, ao ressentimento. Há muito tempo aprendi a transformar inimigos em alvos de oração. Um pastor perseguiu-me ferozmente, sem causa alguma. Suas palavras caíam no vazio em toda parte por onde as semeava. Mas geravam em mim ódio profundo. Decidi orar por ele, não orações do tipo "pese Tua mão sobre ele, Senhor!". Orava assim: "Senhor, toma a vida do colega e o abençoe, apesar de tudo. Jesus morreu na cruz por ele. Peço-Te que me ajudes a não guardar ressentimento dele, nem tampouco vontade de vingar-me. Assim como o Senhor me perdoou, ajuda-me a perdoá-lo completamente". Um dia encontramo-nos numa convenção. Ele, abatido, veio pedir-me perdão. Eu lhe disse: "Há muito eu lhe perdoei. Fique em paz". Ele chorou. O amor cobre multidão de pecados. E sara o coração despedaçado de quem tem ressentimentos.
Que Deus nos ajude a sermos fiéis, inclusive na intolerância.
Pr. Wagner Antonio de Araújo

13/06/2017

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