DO
JEITO
QUE TE
TRATO...
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Carlos chegou do culto
muito perturbado. Em um determinado momento o pastor pedira para que os
presentes orassem uns pelos outros. Ele estava ao lado da irmã Altina. Veterana
na igreja, crente fiel, ela usou estas palavras na hora de interceder por ele:
"Senhor, Tu és maravilhoso; eu oro por Carlos e te peço: trate-o da forma como
ele Te trata em sua vida cristã. Amém". Ele não gostou da expressão, mas não
teve tempo de retrucar, pois o culto seguiu-se.
Foi deitar aborrecido e
logo adormeceu. Ao acordar, dirigiu-se ao trabalho. Era dia de pagamento. Abriu
a sua conta corrente do banco e não constatou nenhum depósito. Estranhou muito.
Foi até o departamento pessoal questionar sobre o que havia acontecido. O
diretor lhe disse: "Carlos, desculpe-nos, estamos sem recursos neste mês. Assim
que tivermos alguma coisa, depositaremos para você." Ficou perplexo e quis
exigir os seus direitos. Mas o diretor explicou-lhe que a empresa havia
investido em algumas coisas e que neste momento ele não era prioridade. Não
houve acordo.
Após o trabalho ele foi
para casa. Todas noites ele corria. Mas, ao chegar em casa a sua perna travou.
Por mais que fizesse massagem e colocasse bálsamos, não havia meio da perna
funcionar. Quando ficou tarde, a perna subitamente destravou, mas era tarde para
correr naquelas ruas desertas.
No dia seguinte, no
trabalho, a nomeação para uma comissão importante chegou. Ele, antes cotado para
dirigi-la, sequer foi mencionado. Procurou o seu gerente e ralhou com ele,
dizendo que já haviam conversado sobre o assunto. O gerente então lhe disse:
"Carlos, você tem falhado por alguns dias e não é de confiança para esse
trabalho. Sinto muito." Então Carlos lembrou-se de faltas que fizera (e que não
tinha ciência do acontecido até há pouco). Entristecido, terminou o dia e foi
para casa. Sem recursos e sem promoção, não pôde fazer a festinha de aniversário
do seu filho, programada para o sábado. Sua esposa chorou e brigou. Carlos
apenas disse que não tinha salário e que fora punido. Sua esposa então falou em
separação. Então Carlos teve uma arritmia e caiu
desmaiado....
E acordou! Sim, tudo era um
pesadelo! Olhou no relógio e ainda era o final da noite do domingo. Deitara tão
aborrecido que tivera um pesadelo longo! Foi à cozinha tomar um copo de leite
morno e pensar em tudo isso.
"Trate-o como ele Te trata.
É verdade. O que sonhei é o que faço com a obra de Deus. Comprometi-me a
priorizar o trabalho do Senhor e só participo do culto à noite quando posso. Não
sou lembrado para fazer nada e reclamo; mas como dar-me responsabilidades se não
correspondo nem ao básico? Sim, foi isso. E o salário? A empresa não tem
dinheiro porque decidiu investir em outras prioridades... Bah! E o que é meu?
Sou digno do salário! Sim, assim como Deus é digno da minha fidelidade
financeira para com o Seu trabalho e eu sempre encontro um meio de desviar-me de
dizimar o que tenho ou deixar de ofertar. Eu sempre tenho uma boa desculpa. Meu
Deus, o sonho foi pra mim! Nem correr eu consegui! Claro, se o importante e
necessário eu não faço, o supérfluo e o assessório não acontecem. Tenho mais
fidelidade nas corridas, nos aniversários e nos compromissos privados do que na
obra de Deus, na evangelização, nos cultos e na escola dominical! Eu sou o meu
próprio inimigo!"
Carlos então ajoelhou-se e
orou:
"- Senhor, não me trate
como eu Te trato, por favor! Eu sou ímpio, infiel, não tenho bondade no coração.
Eu me arrependo, Senhor, pois não priorizo a Ti. Por favor, não me pague com a
minha própria atitude contigo! Perdão! Perdão por não te tratar bem! Perdão por
não ser responsável! Perdão, porque com a falta de meus dízimos e ofertas a
igreja e o pastor têm sofrido! Perdão porque recebi dons e talentos e não os
ofereço ao Teu trabalho! Perdão porque não tenho assiduidade e nem pontualidade!
Senhor, tem misericórdia de mim! Em nome de Jesus, amém."
Carlos já não estava mais
enfurecido com a oração da irmã Altina. Pelo contrário, iria procurá-la em breve
para agradecer a sabedoria que teve, ao apontar os erros sem acusá-lo,
despertando a sua consciência...
Wagner Antonio de
Araújo
08/04/2017
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