TUDO
LIGHT
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Dias atrás um jornal
publicou esta manchete: "a tecnologia está nos emburrecendo". E o fez com
categoria.
Vivemos no tempo do "tudo
light", pequeno, bem fatiado, para não engasgar.
Quer uma meditação bíblica?
Tem que ser curtinha, para ser lida num semáforo, ao parar o carro, ou entre um
ponto de ônibus e outro. Deve se encaixar a uma ida ao banheiro de vez em
quando, bem curtinha.
Quer um artigo de
conhecimento? Tem que estar bem mastigado, bem resumido, apenas os dados
essenciais. Nada de discussões longas, nada de histórico da questão. Não nos
importamos com etmologia, nem com antologia, nem com sociologia da
matéria.
Quer uma conversa? Tem que
ser resumida. "OI TD BM? DS T AB ABS" (oi, tudo bem? Deus te abençoe. abraços).
Estamos chegando à era dos códigos. Tudo bem simples. É como o desenvolvimento
daquele pronome de tratamento: "Vossa Mercê". "Vósmecê", "Vancê", "Você", "Ocê",
"Cê"; o próximo passo é um cutucão no outro...
Nós, os escritores, vemos
bem clara a linha demarcatória na aceitação da literatura. Um artigo pequeno,
resumido, ganha muitos "likes" e "curtidas". Um grande e analítico quase não tem
referência.
Por isso, quem quer ter
sucesso, que escreva pouco. Quem quer escrever o que sente ser necessário, que
não espere muita apreciação.
E vou terminar porque isto
aqui já está muito longo.
OBG ABÇS
BY
Wagner Antonio de
Araújo
24/03/2017
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