quinta-feira, 9 de março de 2017

memórias literárias - 421 - SE TODOS FOSSEM COMO EU ...

SE TODOS FOSSEM
COMO EU...

"A igreja onde sou membro é cheia de gente ruim. Por isso vou deixá-la. Não encontro pessoas realmente boas ali. Tem muita gente hipócrita, muita gente falsa. Ninguém é realmente comprometido com Deus.
Bem, se o motivo não é doutrinário e nem de mudança de domicílio (motivos lícitos para uma saída da congregação onde se serve ao Senhor), a razão de sua saída é considerar que o povo não merece a Deus e, certamente, não lhe merece também. Ou seja, você é bom o bastante para não estar no meio de gente pouco qualificada na vida cristã.
Então pensemos um pouco na possibilidade de termos uma igreja feita de gente idêntica a você, idêntica a mim, idêntica a nós. Uma igreja feita de clones de cada um de nós, com o mesmo comportamento, a mesma ética, a mesma espiritualidade e o mesmo íntimo que trazemos no coração.
Seria um povo realmente convertido? Sim, um povo que saiu das trevas e buscou a maravilhosa luz do Senhor? Um povo que foi transformado interiormente, à semelhança de nós?  Ou isto nos assusta? Afinal, não somos tão convertidos assim. Deixamos as trevas, mas, nem tanto... Somos religiosos sim, mas não a ponto de dizer: nossa, que crente consagrado... Na verdade às vezes sequer agimos como crentes. No trânsito, na escola, entre amigos, no whatsapp, na feira, no namoro, nos negócios...
Seria um povo de oração? Bem, a contar da nossa experiência, seria mesmo um povo que ora? Ou seria um blefe como nós somos? Não oramos de fato! Fingimos! Sabemos seis ou sete introduções, quatro ou cinco finalizações, mas não oramos no privado, exceto quando a água bate em nosso pescoço. Não consultamos a Deus para nada; não lhe entregamos nada; só acompanhamos a oração dos outros na igreja ou quando nos mandam orar pelo grupo. No particular somos incrédulos, nem cremos que haja alguém a nos ouvir. Orar não está na nossa agenda, só oramos quando obrigados. E sequer achamos que haverá alguma resposta... Mas ostentamos quando em público! Lindas e emocionantes orações! Que beleza ... de falsidade!
Seria uma igreja liberal na contribuição? Se forem como nós, entregarão o dízimo e as ofertas com amor e com dedicação? Ah, certamente que não. Se seguirem o nosso comportamento a igreja fecharia as portas. Dizimamos um pouco para não ficarmos vermelhos no relatório da tesouraria. Oferta? Esmola seria a palavra certa. Buscamos o mínimo envolvimento com as coisas da igreja. Achamos perda de dinheiro e de foco ofertar. Afinal ele é nosso, nós o ganhamos! Deus não precisa do nosso dinheiro. Ah, que tragédia seria a igreja com ofertantes iguais a nós! Julgamos que repartir o dízimo com um familiar necessitado, uma cesta básica ou pagar uma conta atrasada de alguém já é dízimo. E, como geralmente precisamos, pagar as nossas contas particulares seria mais sensato usar para nós mesmos. A igreja feita de clones meus não teria dinheiro nem para a energia elétrica!
Seriam praticantes da Palavra? Não. Nós não a praticamos. Não amamos o próximo; só servimos a quem nos interessa ou a quem nos renda contatos e portas abertas. Não falamos a verdade sempre; só quando somos os beneficiados. A nossa língua denigre o próximo; a nossa mente sorve a sensualidade dos vídeos pornográficos que baixamos; os nossos relacionamentos não suportariam a informação de que somos crentes. Nas festas somos mundanos; nas relações afetivas somos promíscuos; nos negócios somos aproveitadores. Que igreja teriamos? Uma igreja de gente falsa, que não difere em nada do mundo, exceto na hipocrisia de dizer ser cristã.
Prezado leitor, graças a Deus as igrejas não são feitas de clones de nós mesmos! Ainda há gente melhor do que nós congregando por aí, gente que nos inspira, que nos faz corar de vergonha por sermos tão réprobos, gente que nos constrange ao arrependimento e à mudança de atitude. Congregar é importante porque descobrimos que não somos auto-suficientes e não somos os melhores do mundo. Podemos ser uma inspiração para o próximo ou um tropeço para o irmão. Tudo depende de nossa atitude. Estar fora é deixar de servir e servir a si próprio; é fugir do modelo que Cristo implementou: juntos, em amor, em serviço, com compromisso, na presença de Deus!
Que tal repensar o seu abandono da igreja e voltar a congregar? A sua igreja não apostatou na fé e nem você mudou de endereço. A sua saída não se justifica. Pode ser que alguém, mais santo do que você, o ajude a ser um crente melhor. E pode ser que a sua transformação inspire outro crente carnal a mudar de vida e de comportamento. Volte à igreja e seja pequeno, para que Cristo seja grande em sua vida!
O publicano, porém, batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador! (Lc 18:13)
E, se alguém cuida saber alguma coisa, ainda não sabe como convém saber. (1Co 8:2)
Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte; (1Pe 5:6)
Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. (Fp 2:3)
Wagner Antonio de Araújo
09/03/2017

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