sábado, 7 de janeiro de 2017

memórias literárias - 396 - A CULTURA DA VIOLÊNCIA


A CULTURA
DA
VIOLÊNCIA
396
Muitos de nós, movidos pelos mais variados motivos (desejo de saber, curiosidade, perplexidade) buscamos os vídeos das rebeliões em Manaus e em Roraima. Tais vídeos estão disponíveis e banalizados na rede, ao lado das decapitações do Estado Islâmico e do narcotráfico mexicano.
 
Vivemos num caldo de violência sem precedentes. E, então, fartos disto, fazemos campanhas contra a violência. As grandes redes de comunicação denunciam-na e, em seguida, apresentam as novelas da época (com traições conjugais, mentiras, roubos, amantes, corrupção) e os filmes do momento: duro de matar, duro de morrer, o massacre da serra elétrica, ataque de F15 etc. Os jogos de videogame são, em sua maioria, sanguinários: a realidade virtual chega às raias de mostrar nervos e esguichos de veias, cortadas pelas espadas dos lutadores.
 
Se isto não bastasse, algumas igrejas, falsas em sua maioria, mas repletas de gente que as financia cegamente, produzem lutas de MMA, luta livre, ringues de violência, para atrair os jovens e os que estão perdidos no mundo. A porta de ingresso no evangelho é o murro, o soco, o golpe, o arrastão. As músicas que mais sucesso fazem são as de violência, que descrevem a destruição das famílias, o final dos relacionamentos, as vinganças amorosas. São músicas geradas nos morros do crime, nas áreas do meretrício, nos antros das celas, no uso de entorpecentes. A poesia que agrada é a que mata, que fere e que engana.
 
O mundo que produzimos é um retrato do mundo que cultivamos. Nós convidamos Satanás para ser o rei de nosso país. Ele reina em nossas televisões. Reina em nossos youtubes. Reina em nossos celulares. Reina em nossas idas ao cinema. Reina em nossas pesquisas e curiosidades. Ouvimos os sermões e cantamos supostas músicas de adoração; e desmentimos tudo isso depois do culto, no cultivo da violência dos entretenimentos que Satanás nos oferece.
 
Onde os marginais aprenderam a decapitar? Onde aprenderam a furar olhos? Onde aprenderam a cortar mãos e pés com as pessoas ainda vivas? Onde aprenderam o estupro? Onde a nossa sociedade aprende a transformar os carros luxuosos em máquinas mortíferas contra outros que estão nas calçadas ou nas ruas? Onde os atiradores aprendem a abrir fogo no meio da multidão? Onde os filhos aprendem a agredir os pais e os professores? Eles aprendem nos meios de comunicação, cuja censura é zero, que não têm mais limite algum. E em nossos lares, onde o cultivo da paz e do evangelho deveriam permear os nossos comportamentos, permitimos ao inimigo invadi-lo com sua violência todos os dias, por meio das novelas, dos filmes, dos vídeos no celular e da reprodução de tudo isso no comportamento de uns para com os outros.
 
Há aqueles que apontam a violência gerada pelo próprio Deus, quando mandou exterminar os cananeus. Certamente isto aconteceu. Mas é importante saber que não foi nem uma prática generalizada contra todo ser humano, nem autorizada ao belprazer de cada um. Deus usou os hebreus para punirem uma nação ímpia, violenta, maligna, satânica, agressiva, ímpia, idólatra, que ofertava os próprios filhos ao demônio. Como Deus é o criador da vida, tem o direito sobre a Sua criação. Suas ordens tiveram começo, meio e fim; elas foram limitadas no tempo e no espaço. E, mesmo naquele contexto da conquista da terra prometida, Deus dizia sobre a responsabilidade pessoal de cada indivíduo: "não matarás". Ali no cumprimento da ordem, a responsabilidade era de Deus; já na violência particular a responsabilidade era inteiramente do homem e seria punida, pois não contava com ordem alguma do Criador.
 
Vindo o Senhor Jesus, autor da Palavra e autêntico intérprete da mesma, apresentou-nos toda a grandiosidade de Seu Pai: um Deus de amor. E provou com sua vida a maneira com que Deus deseja que nos tratemos: com amor e com o auto-sacrifício uns para com os outros. Cristo ensinou a paz, a não-violência, a submissão e a construção de um relacionamento pessoal entre o homem e Deus e entre os homens uns para com os outros. Uma relação de ajuda, de solidariedade, de respeito, de altruísmo, de abnegação, de ajuda, de sacrifício. O Reino de Deus é um reino de paz. Quem é do Reino de Deus socorre o aflito, cuida do doente, consola o entristecido, fortalece o cansado, motiva o deprimido e cuida dos que precisam. O cristianismo é uma transformação de vida, uma religião e uma filosofia de vida: onde ele é autêntico as relações são transformadoras: a violência cessa, a injustiça desaparece; a solidão acaba; o amparo surge e a família se fortalece. Cristo é luz no meio do mundo, sal no meio da Terra, príncipe da paz e reconciliador divino.
 
No banheiro de meu quarto um mau cheiro aparecia de quando em quando. Tudo estava limpo, mas o odor prevalecia. Não adiantava colocar produtos no vaso sanitário ou lavar o local; o fedor continuava. Até que eu descobri o que acontecia: o ralo que ficava no box do chuveiro exalava o odor contínuo, pois alguma coisa estava errada em sua construção. Tudo o que havia no esgoto era sentido dentro do banheiro pelo mau cheiro que subia. Fechei o ralo e o mau cheiro acabou, desapareceu. Assim deve ser também a nossa decisão quanto à violência. Não adianta irmos à igreja, lermos a bíblia ou ouvirmos louvores, enquanto o celular, a tv, os vídeos e os entretenimentos nos trouxerem a violência. Renegamos a fé com a busca do ódio no lazer passivo. Renegamos os  nossos valores ao manter novelas adúlteras e permissivas no centro de nosso entretenimento. O mau continuará presente. Experimentemos desligá-lo. Experimentemos tirar a violência dos nossos filmes, celulares, jogos de videogame e de nossas buscas incessantes. As coisas começarão a mudar e a paz terá a sua oportunidade dentro de nossas vidas.
 
Só assim construiremos um país menos violento e seremos um povo que constrói a paz.
 
Estas são as coisas que deveis fazer: Falai a verdade cada um com o seu próximo; executai juízo de verdade e de paz nas vossas portas. (Zc 8:16)
 
E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos. (Cl 3:15)
 
Ora, o mesmo Senhor da paz vos dê sempre paz de toda a maneira. O Senhor seja com todos vós. (2Ts 3:16)
 
Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize. (Jo 14:27)
 
Wagner Antonio de Araújo

07/01/2016

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