QUANDO DEUS
PASSAR A
RÉGUA
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"Passar a régua", nos ditos
populares, é encerrar um processo, uma conta, uma situação, um trabalho, um
pagamento. É o fim. Quando se passa a régua na agenda é porque o dia terminou.
Quando se passa a régua nas contas é porque terminou o pagamento ou
encerraram-se os recebimentos.
O que passei nos últimos três
dias fez-me lembrar de que, no dia em que Deus passar a régua em minha vida, não
haverá mais o que fazer. Encerrou-se uma vida, uma carreira, um combate. O que
tinha que ser feito já foi. O que tinha que se fazer não será mais feito, pelo
menos por mim. A carreira se encerrará.
Ontem, sábado, 30/07/2016,
estive no culto promovido pela UNIJOB, os jovens de nossa igreja. Serginho
organizou e recebemos visitas de outras igrejas queridas (Missão Vida, Nova Vida
e Sinai). Eu, acamado e sem forças para me levantar, fui auxiliado pela esposa.
Com esforço tomei banho, coloquei o terno e fui para a igreja. Elaine dirigiu.
Eu me encontrava tão fora de mim que não percebi nem quando entrei e nem quando
saí do carro. Eu me vi na igreja. Minha pele amarela. Minha cabeça caída.
Sentado no banco da capela. As pessoas vinham, eu queria abraçá-las, festejar
com elas a presença e o culto, mas não havia forças. Queriam que eu orasse, mas
não havia como. Pediram para eu dar uma palavra, mas não saía nada. Eu me
encontrava muito doente.
Eu não sou assim! Se
dependesse de mim teria feito grande festa. Teria falado, cantado, recepcionado,
abraçado, orado, enfim, procuraria ser eu mesmo. Mas ali, sentado, doente, sem
energia, sem força, com dores extremas na barriga, com o fígado lançando seu fel
na minha boca, sem alimentação, eu não era eu. A voz se calou. O trabalhador
parou. O cantor silenciou. O pregador encerrou sua prédica. O anfitrião não
correspondeu. Claro que todos entenderam a minha quietude e oraram por mim. Eu
decidi estar no culto assim mesmo porque há dois meses orávamos pela sua
celebração. Mas eu era apenas uma sombra, pois não tinha
forças.
Hoje eu estou 25% melhor, mas
ainda febril, com calafrios e com alimentação mínima, para não desfalecer. Não
preguei; rodei uma pregação da Lorena, uma de nossas jovens. Gravei-a na outra
quarta-feira. Eu gravo muitas coisas. Há muito tempo tenho cultos gravados. Meus
jovens cresceram, tornaram-se adultos, mas o que fizeram na Casa de Deus ficou
registrado. Deus também filma, não com nossas câmeras que se tornam obsoletas,
mas com Sua mente que é onisciente. Ele conhece tudo o que fizemos em Sua Obra.
E também o que não fizemos...
Depois, ao encerrar o culto,
instei com a congregação a ver em mim o futuro de todos nós. Quando Deus passar
a régua na nossa vida, dizendo: basta, está na hora de parar e ir, não haverá
segunda chance. Não se trata de querer, de ter vontade; quando a régua for
passada, não seremos mais os que decidem; Deus decidiu por nós. Somos mortais.
Somos limitados. Somos temporários. Não somos capazes de evitar o fim quando
este chegar.
Agosto está chegando e, com
ele, trinta e uma oportunidades de fazer dele um mês consagrado a Deus. Aliás, é
o marco para o início do final do ano. Será que já nos planejamos? Será que
temos algum plano para a vida até lá? Será que, como ensina a Bíblia,
priorizaremos o Reino de Deus e toda a sua justiça? Ou apenas viveremos como os
demais, com vidas medíocres que só pensam em comer, beber, ter lazer, se
divertir, deixando o mais importante para quando der, isto é, para
nunca?
Por que não desejar e
empenhar-se por levar uma vida para Cristo neste mês de agosto ou até o final do
ano? Por que não consagrar a Deus a parte que Ele determinou dos nossos ganhos
no sustento de Sua obra? Por que perder os cultos de nossa igreja? Seria tão bom
que todos tivéssemos, ao longo de agosto e até o final do ano, vidas dedicadas!
Ao invés de perdermos tempo em esportes dos outros, que buscássemos a Deus
através da oração e da leitura bíblica! Que nos consagrássemos ao trabalho do
Senhor nas diversas áreas em que Ele nos capacitou, mesmo que seja apenas algo
pequeno aos nossos olhos. Deus, quando passar a régua, não dará tempo para
terminarmos o que deixamos pela metade.
Deus está nos filmando. Ele
registra tudo. Diz-nos a Bíblia que bem-aventurados os que morrem no Senhor,
porque suas obras os acompanharão. Daqui nada levaremos, nem tecnologia, nem
riquezas, nem pessoas, nada. Mas o que fizemos, isto sim: está nos registros
eternos da Memória de Deus. Por que não construirmos memórias boas de uma vida
santa, consagrada e dedicada, deste agosto até o final do ano? Por que não
darmos tudo de nós neste afã?
Eu quero. Quero celebrar o
culto doméstico todos os dias aqui em casa. Quero manter-me na leitura da Bíblia
e na oração pessoal. Quero evangelizar e levar ao menos uma vida para Cristo
neste mês de agosto. Quero dar para Deus tudo o que puder: voz, pernas,
pensamentos, escrita, tudo. E não quero faltar nos cultos e nos compromissos
assumidos. Quero manter as minhas contas em ordem, não dever nada para ninguém e
fazer uso do cristianismo prático, dando o pão a quem tem fome, roupa a quem
está nu, visitando o enfermo e o encarcerado, o ombro ao que chora e a presença
a quem está solitário. Que Deus me ajude.
Porque, do jeito que estive
ontem, e do jeito que estou hoje, vislumbrei como será no dia em que a régua de
Deus for passada em minha vida: não haverá mais voz, vez, presença, sorriso,
atividade. O que foi, já foi. Não haverá mais obra a fazer. Por isso, quero
trabalhar para o Senhor enquanto posso.
E você?
Que Deus nos abençoe. Agora
vou tentar repousar um pouco, pois a febre voltou.
Wagner Antonio de
Araújo
31/07/216,
22h56m