SEBASTIÃO,
O AMIGO
DE
DEUS
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Sebastião Emerich foi um
irmão em Cristo do qual o mundo não era digno. Pregou na Boas Novas algumas
vezes. Em 1980, quando me converti a Cristo e tive que enfrentar a vida cristã
longe do meu "pai na fé", Pr. Timofei Diacov, que mudara-se para Lins, SP,
recebi do irmão Sebastião o treinamento para uma vida cristã sadia e
fundamentada na Bíblia. Ele, aos 94 anos, já tinha registrado 353 leituras de
toda a Bíblia, apenas as vezes que anotou, pois muitas outras foram num período
sem anotações. Suas orações eram ouvidas. Seu rosto brilhava. Lembro-me, na
penúltima vez que estive com ele, que confidenciamos o nosso desejo de ter um
filho, pois já há quatro anos aguardávamos e não o tínhamos. Sebastião olhou
para nós e confidenciou: "vocês o terão.". E despediu-se. Ele não viu a nossa
filha, pois logo o Senhor o recolheu. Mas soube dela muito antes de
nós!
O que tornava Sebastião um
homem especial e por que estou falando dele hoje?
Sebastião era um homem de
estabilidade. Não mudava conforme a direção do vento. Não era seduzido pelos
ventos de doutrina. Não modificava sua maneira de manter comunhão com Deus. Ele
firmava-se na Bíblia e quem nela se firma não precisa mudar nunca. Em 1980 ele
era um e em 2014 ele continuava a ser a mesma pessoa. Como em Cristo ele havia
sido preenchido e encontrara a sua plena realização, nunca precisou mudar. Um
homem-âncora! Como precisamos de homens de Deus com estabilidade de fé,
estabilidade emocional, estabilidade de valores!
Sebastião era um homem
íntegro. Ele vivia o que pregava. Conquanto não fosse um homem de posses (era um
homem humilde e que vivia do básico), não fazia empréstimos. Ele confiava no
sustento divino. Ele cria que o dízimo e a oferta eram a receita para uma vida
próspera e assim foi em toda a sua vida. Ao morrer deixou uma casa pequena,
simples, mas própria e honrada! Jamais em sua vida a igreja onde era membro
deixou de registrar um dízimo ou uma oferta desse irmão. Por pequenina que fosse
era uma receita constante. Era como a oferta da viúva pobre, tão pequena, mas
tão grande, grande o bastante para ser lembrada dois mil anos depois de
entregue!
Sebastião era um homem que
orava, intercedia, clamava. Nas altas madrugadas estava ele na cozinha de sua
casa, de cabeça baixa, ou ao pé de sua cama, buscando a face do Rei dos reis e
do Senhor dos senhores. Os céus o conheciam perfeitamente. As suas orações eram
apreciadas e bem-vindas todos os dias. E quando ele dizia que iria orar,
podíamos ter certeza: ele oraria mesmo! Além de 40 capítulos da bíblia por dia,
Sebastião orava e intercedia como um filho ao Pai celeste, como um servo ao
Senhor da vida, como um amigo ao Amigo dos amigos.
E aqui está o auge desta
minha reflexão: Sebastião fez-se amigo de Deus. Sim. Sabíamos que Deus estava
com ele, porque era evidente que Sebastião estava com Deus. Ele obedecia a Deus.
Ele não pregava apenas; ele não ensinava aos outros. Ele cumpria em sua vida
aquilo que lia em sua bíblia. Sebastião vivia a intimidade com Deus. Jamais vi
Sebastião rodeado de gente que o buscasse para sociabilidades, para desfrutar de
momentos de lazer ou outras coisas. Não que Sebastião não fosse normal. Ele o
era. Sua família sempre privou de sua simplicidade e alegria. Suas cinco filhas,
genros, netos e bisnetos sabiam muito bem. Mas ele não se fazia popular, não
bajulava ninguém, não ia atrás de entretenimentos para tornar-se popular. Ele
tinha um amigo mais importante e buscava agradá-Lo sempre. Ele era amigo de
Deus!
Ele fez a opção certa:
fez-se amigo de quem foi com ele para a eternidade. Quantos de nós, no afã de
nos vermos bem aceitos, bem populares, benquistos, disponíveis para desfrutar de
benefícios que a popularidade possa nos oferecer, deixamos o Amigo dos
amigos por planos secundários! Sebastião, pelo contrário, desenvolvia um
relacionamento com Deus, cuja plenitude só era conhecida pelos dois. Aquela
lâmpada fraca da cozinha de sua casa vivia acesa nas madrugadas. Aquela bíblia
surrada tinha marcas de lágrimas. E aquele rosto brilhante mostrava que ele
estava a ver a face do Criador. Era o testemunho de alguém que, de fato,
mantinha-se amigo do Eterno Senhor!
Ah, Sebastião, o amigo de
Deus! Mesmo depois de morto continua a falar tão profundamente na minha alma!
Não que ele fale ou esteja presente, pois foi para o Paraíso com Cristo e não
está mais conosco. Mas o seu exemplo é tão contundente, tão presente! Ele é como
Abel, que, ainda depois de morto, continua a falar!
Quero ser como o Sebastião.
Quero ter estabilidade suficiente para ser previsível no que penso, prego, sou e
defendo. Quero ser íntegro em toda a minha maneira de ser e de viver, seja para
com Deus, seja para com a família, seja para com a sociedade. Quero ser um homem
que ora, ora a Deus, não às pessoas; quero que os céus me conheçam, mesmo que o
mundo não saiba. E, por fim, quero também desfrutar da mesma amizade que
Sebastião desfrutou com Deus. Ser conhecido dos céus é muito mais precioso do
que ser popular ou estar na boca do povo. No final é a amizade com Deus que fará
a diferença.
Obrigado, meu Deus, por
Sebastião Emerich ter existido e por ter deixado este legado de amigo de
Deus.
E andou Enoque com Deus; e
não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou. (Gn
5:24).
Toda a glória seja
unicamente ao Senhor.
Wagner Antonio de
Araújo
9/9/16
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