quarta-feira, 30 de setembro de 2015

memórias literárias - 256 - PRÁ QUÊ FAMÍLIA?

"PRÁ QUÊ" FAMÍLIA?
 
Milú (empregada-virou irmã), mamãe, eu e papai, em 1985)
eu, meu pai e o meu irmão Daniel, em frente
à nossa casa, em 1973

Daniel e eu, numa foto de 2003
 

256
 
Quando Deus criou Adão, deu-lhe a incumbência de nomear a todos os animais que existiam. Adão sentia-se só, e procurou dentre todos algum que lhe fosse compatível, sem, no entanto, encontrar. Quando se procura alguém e nada se encontra, a solidão duplica. Acredito que Adão estava muito triste. A tristeza do homem, quando justa, toca o coração de Deus. Assim, o Senhor tomou as dores de Adão.
 
O Senhor aplicou um sono profundo sobre o homem. Adormecido, teve uma de suas costelas retirada. Com a costela Deus construiu uma mulher, certamente a mais linda do mundo (também porque única...), e um autêntico milagre do maior cientista de todos os tempos. Se disséssemos, há alguns anos atrás, que Eva surgiu de uma costela, os cientistas ririam. Hoje eles não só admitem a hipótese, como querem repetir a façanha em seus laboratórios, com partes ainda menores do corpo humano! Werner Keller estava certo em sua afirmação: "E a Bíblia tinha razão".
 
Deus poderia ter usado algum osso ou parte da cabeça de Adão. Entretanto, simbolicamente, tal atitude poderia favorecer algum pensamento feminista de domínio, onde a mulher submeteria o homem às suas ordens e necessidades, e esse não era o projeto de Deus para a família. Também poderia ter usado algum osso da perna, do pé, mas não o fez. Também isso seria um símbolo de poderio, de domínio tirano, onde o homem teria em sua mulher uma mera subalterna serviçal. Deus fez tudo certo, tudo perfeito: tirou uma costela, um osso do meio, que fica ao lado do coração. Assim o homem se lembraria de que a sua companheira fora criada para estar "ao lado" dele. Nem dominá-lo e nem ser subjugada, mas acompanhá-lo, estar ao lado, na caminhada.
 
Agora homem e mulher estavam prontos para construirem o maior projeto de civilização de todos os tempos: a família. Sim, a família, essa instituição que foi tão sacrificada e perseguida nos anos 70 e 80, com certos psicólogos fazendo testes de novos sistemas e estragando toda uma geração, e agora, com um "mea culpa" claríssimo, esses mesmos falsos mestres reeducam os deseducados solitários, dizendo-lhes: "Família é de fato algo importante". Sim, família, essa porta de esperança, esse oásis no deserto do mundo, esse refúgio às vicissitudes da vida, é mais que importante. FAMÍLIA!  Mas,
 
"PRA QUÊ"  FAMÍLIA?
 
01) PARA POR FIM À SOLIDÃO - Deus disse que não seria bom manter o homem solitário. Assim, criou a mulher para ser-lhe companheira. E que criação maravilhosa, que obra-prima! O homem é um ser sociável, mas também é um ser espiritual, partilhador, que precisa de alguém com quem conversar intimamente, alguém com quem partilhar as alegrias, as tristezas, as vitórias, os fracassos, os projetos, alguém que interaja com ele, que o constranja, que o elogie, que lhe dê carinho e atenção, com quem possa relacionar-se fisicamente. Assim, no projeto de Deus, a mulher é exatamente a resposta divina à solidão do homem (há alguns poucos chamados por Deus para o celibato, que são pessoas capacitadas por Deus para caminharem completos, sem a necessidade de um companheiro ou uma companheira, mas isso é um dom especial, é uma exceção). Há um vazio no coração do homem, e esse vazio tem o tamanho de uma mulher. E há também um vazio no coração da mulher, vazio do tamanho de um homem*. Colocar-se um homem para ser par com outro homem é errado, é contra a natureza criativa, nem tampouco uma mulher por companhia de outra mulher. Amigos, sim; casais, não! Aliás, homossexualmente não há casais. Deus criou tudo de forma perfeita e harmoniosa, e fez a mulher para ser companheira do homem. Como é lindo quando homem e mulher se descobrem, se aceitam, se adequam, se mobilizam, se dispôem a caminhar juntos! Deus resolveu a solidão, instituindo a família!
 
2) PARA A PROCRIAÇÃO - Ao criar o par, Deus ordenou que crescescem e se multiplicassem, que se reproduzissem em outros seres semelhantes, gerados de dentro deles, como fruto do amor recíproco. E como é lindo olhar nos olhos de um filho e ver o rosto de seu pai; olhar para uma linda moça e lembrar-se do retrato da mãe dela, em idade similar! O milagre da vida está na reprodução que podemos ter de nós mesmos em seres autônomos, gerados de nós mesmos, confiados ao casal para um período de preparo! Pais que formam os filhos para a paz! Pais que amam os filhos na medida certa, nem demais e nem de menos! Pais que ensinam as Sagradas Letras às crianças! Pais que exercem os seus papéis com dignidade e responsabilidade! Deus quis que o homem criasse outras gerações, e quantas mais haverá até a volta de Cristo? Não é apenas o gerar biologicamente que procria e reproduz, mas criar adotivamente também é um ato de procriação e amor! Os filhos adotivos deveriam ser agradecidos aos seus pais, que optaram por tê-los, e se sentirem confortados ao terem Jesus Cristo como "Patrono dos Adotivos": Jesus teve em José o seu pai adotivo por excelência!
 
3) PARA A PARCERIA - Sim, homem e mulher foram criados para serem parceiros, e não concorrentes! Há casais que concorrem entre si, numa disputa idiota e infantil, para ver quem ganha mais dinheiro, quem recebe mais diplomas, quem consegue maior sucesso, quem conquista mais os filhos, quem obtém os melhores elogios, quem vive mais que o outro. Não foi para ser concorrentes que Deus fez homem e mulher, mas "parceiros"!  E esse é o propósito de Deus na vida da mulher: realização na missão do esposo, mesmo que tenha uma vocação e uma carreira paralela! Lembremo-nos da criação: o Senhor criou a mulher para ajudadora, e a mulher certa aprecia e apóia a carreira do esposo certo! Não há conflitos! Um complementa o outro, mas a carreira do marido é para a esposa a sua alegria! Que bonito uma esposa festejando uma vitória do marido! Que bonito uma namorada feliz com a vitória esportiva do namorado! Casados, na educação dos filhos, a parceria faz com que o lar seja harmônico: à esposa compete a educação, o cuidar, o ensinar das sagradas letras. Ao marido cumpre dar segurança, trabalhar e suar duro pelo sustento. A mulher é coração, é emoção. O homem é razão, é lei, é decisão. E assim ambos se completam. A falta de exemplos claros de pai e mãe gera os conflitos existenciais em muitos garotos e garotas, levando-os, não raras vezes, ao homossexualismo, pois não conseguem se identificar com mães ativas e pais passivos, porque são contra a natureza, e assim estabelecem-se confusões em suas mentes em formação. PARCERIA: É isso que a família deve concretizar!
 
4) PARA A ESTABILIDADE - "O que Deus uniu, não separe o homem"; "até que a morte os separe". Frases bonitas, bíblicas, mas que estão caindo em desuso, até entre evangélicos! Hoje casa-se com uma ficha de separação em branco na mala de lua-de-mel. Casamento virou "utopia", "compromisso de ninguém", nos dizeres do poeta. Que tristeza ver pessoas que tinham um testemunho tão bonito, colocando tudo a perder, por quebrar a aliança feita junto do Senhor, numa igreja e diante do povo! Mas não foi sempre assim. Aliás, o Senhor disse que o divórcio só poderia existir quando houvesse adultério. E que o divórcio se justificava apenas pela "dureza dos corações". Hoje, contudo, casais se separam "porque ele ronca", "porque os nossos gênios não combinaram", "porque eu escolhi mal", "porque agora eu sei realmente o que eu quero", "porque preciso de novas experiências". E os filhos que se virem! Filhos jogados de um lado para o outro, com dois, três, e até quatro lares diferentes, com pais, padrastos, madrastas e mães, uma confusão! Mas o divórcio por adultério é a exceção. Deveriam ter escolhido melhor no período de namoro, deveriam ter aplicado os princípios corretos do "quem ama, espera!", talvez não estivessem juntos obrigatoriamente hoje. Mas falemos sobre todo o resto: ESTABILIDADE. Gosto muito das frases que Rute falou para Noemí, quando esta lhe ordenou deixá-la, pois não tinha mais filhos para dar à Rute, que enviuvara há pouco. A moça disse as históricas palavras: "Não me instes a deixar-te, porque onde fores, irei eu, onde pousares, ali pousarei eu, onde morreres, ali morrerei eu e serei sepultada. Que outra coisa, além da morte, não me separe de ti". Sim, frases que podem e devem ser aplicadas ao casamento cristão. Assim é o casamento segundo Deus. Algo estável. E isso faz com que marido e mulher trabalhem com prazer! Podem planejar à longo prazo, sentem tranqüilidade, não estão correndo riscos! Podem financiar uma casa em vinte anos, podem pagar seguro e previdência privada, podem planejar viagens e festejos, podem construir a terceira idade com prazer. Como é bom saber que a família é uma âncora, que não afunda, que não quebra, que não arrebenta! Deus criou a família para servir de pedra firme, de rocha, num tempo de areias movediças e terrenos esburacados!
 
Sim, a família é um projeto de Deus. Foi pra sermos felizes que Deus a criou. E quando somos resgatados por Cristo somos também restaurados à posição de família conforme o desejo original de Deus. Homem e mulher. Pais e filhos. Deus e seus filhos. Como é lindo!
 
Que Deus abençoe as famílias de nossa igreja, e de todo o nosso país imenso! Como diria o querido Pr. Dr. Nilson do Amaral Fanini, "DEUS SALVE A FAMÍLIA!"
 
 
São Paulo, 04 de maio de 2003
Pr. Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas, Osasco, SP
 
mensagem proferida no púlpito da igreja, na manhã do dia 04 de maio de 2003, no lançamento das comemorações do MÊS DA FAMÍLIA.
 
 
 
* O exemplo de vazio no coração do homem não anula a ilustração evangelística

memórias literárias - 255 - A FÉ

A FÉ

255

"Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor " (1Co 13:13)

O Apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, disse-nos que quando tudo terminasse restariam 3 grandes virtudes, 3 bênçãos e atributos da própria existência em Deus: a fé, a esperança e o amor.

FÉ, segundo a Palavra de Deus, “é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se vêem” (Hebreus 11.1). A fé é uma dádiva divina: “Senhor, aumenta-nos a fé” ( Lucas 17.5). Ela é um dom de Deus: “...e isto não vem de vós, é dom de Deus” (cf. Efésios 2.8). A fé remove montanhas (Marcos 11.23). A fé errada pode ser instrumentalmente eficaz (porque Deus permite a operação do erro aos que não amam a verdade, cf. 2 Ts 2.11), mas mortalmente condenatória. Assim é com quem tem muita fé, mas não em Deus, em Sua Palavra ou de acordo com a verdade revelada.

O marido cristão deve ser um homem de fé. Não uma fé qualquer, mas um homem “da Fé”. Ele deve crer no Filho de Deus (Atos 8.37). Ele deve crer nas Escrituras Sagradas:, fazendo-se sábio para a salvação (II Tm 3.15). Ele deve ter uma fé operosa (I Tess 1.3). Ele deve andar nos passos da fé daqueles que já viveram pautados em Cristo (Hebreus 13.7).

A prática da fé no casamento é bastante salutar.

Um marido cristão bíblico é um homem de fé. Ele vive a sua fé. Ele não é um homem que fala e não vive, mas vive e fala do que crê e do que aprende na Palavra do Senhor.

Ele leva a sua família para a Igreja, pois crê que um lar bíblico é um lar comprometido com o Reino de Deus. Cristo fundou  a Igreja;  logo, para esse homem de família a igreja é importante.

Ele não diz que a esposa e os filhos devem ir à escola bíblica; ele os leva e participa juntamente. Ele dá o exemplo. Ele é o maior interessado. Ele possui motivação suficiente para si e para a família. Ele conduz o seu lar a uma vida de dedicação à Obra do Senhor. Sua participação é natural, é constante, é sincera. "Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor." (Sl 122:1). Ele não abandona a igreja quando esta atravessa problemas: “Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia.” (Hb 10:25).

Esse homem leva a fé para a sua casa. Ele pratica o que aprende. Ele faz de seu lar um lar de fé. Ele ora em casa. Ele lê a bíblia com a família. Ele fala das coisas de Deus com os seus filhos e esposa. Ele busca tornar o seu lar um local de cultivo daquilo que aprende na bíblia e na igreja.

Por causa disso, por praticar o que diz crer, sua esposa e filhos levam a sério as suas recomendações, conselhos e decisões. Ele não é um hipócrita, um palrador. Ele talvez até fale pouco, mas o que fala vale ouro. “Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.” (Sl 1:2). Quando um homem cristão leva sua vida cristã com dignidade e respeito, a sua família leva a sério o compromisso com Deus e com a igreja.

Por causa da fé esse homem é capaz de reconhecer os seus próprios erros e arrepender-se quando necessário. Ele sabe perdoar e pedir perdão; sabe confiar e receber confiança; conversar e ouvir também a opinião da família. A sua fé pauta a sua vida.

Ele crê no suprimento de Deus para as suas necessidades. Por esse motivo é um contribuinte fiel com o trabalho de sua igreja. E o faz com alegria, não reclamando. Sendo um dizimista ele busca incluir esposa e filhos numa atmosfera de participação festiva e feliz na contribuição com o Evangelho.

Quando atravessa crises ele sempre vislumbra uma solução, pois crê que Deus socorre, acolhe e concede dádivas. "Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia." (Sl 46:1); Ele enxerga a vida com os olhos da fé, mesmo que tenha tribulações: “Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração;” (Rm 12:12). No momento da enfermidade Ele busca a Deus e cuida com amor de quem carece de cuidados. E na hora do luto ele recebe de Deus a palavra de consolo, a fortaleza, a misericórdia. "Rogamo-vos, também, irmãos, que admoesteis os desordeiros, consoleis os de pouco ânimo, sustenteis os fracos, e sejais pacientes para com todos." (1Ts 5:14)

Um marido cristão, um chefe de família de compromisso bíblico, é um homem de fé.

Que Deus nos ajude a sermos maridos de fé.

Wagner Antonio de Araújo

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

memórias literárias - 254 - ÂNCORAS DA SAUDADE

 

 
 
ÂNCORAS DA
SAUDADE...
254

Elzira Bonfante, minha mãe
1930-2005
 
Quando mamãe morreu, em dezembro de 2005, qualquer coisa que a lembrasse, por mais ínfima que fosse, era uma espécie de âncora, um portal, alguma coisa onde eu me escorava e que me fazia reencontrá-la. A sensação chegava a ser doentia: olhava para o hospital como se houvesse alguma esperança de reencontrá-la. Pegava em seus objetos de uso pessoal como se eles ainda me ligassem a quem partiu. Enquanto temos coisas da pessoa amada é como se criássemos a ilusão e a sensação de que ela ainda está conosco. Na verdade, se pudesse, reescreveria a história e apagaria o seu falecimento, dando sequência à sua vida. Por mais que a minha razão dissesse o contrário, a minha emoção quis muitas vezes fazer isso. Uma mecha de cabelos, um vestido, um papel de pão com suas letras rabiscadas, um vidro antigo de perfume, uma almofada de seu uso pessoal; cada objeto transformara-se em algo tão valioso que não o trocaria por nada!
 
Mas não há objeto, não há local ou condição que faça a outra pessoa continuar a existir aqui e do jeito que estava. Ela se foi, ela não ficou mais entre nós, quer quisesse ou não. A morte é uma dor insuportável e uma realidade incontestável, quando não contamos com a ajuda do Consolador Fiel e do tempo. O Espírito Santo nos consola, apontando-nos a nova morada com o Senhor, e o tempo ajuda a diluir a enorme mancha de saudade que formou-se no vazio deixado. Com o tempo compreendemos que uma biografia se fechou e uma página da história se abriu. E com o Consolador aprendemos que a vida não se resume a esta existência, mas sim ao Porvir glorioso nas moradas do Pai Celestial.
 
Aprender a conviver com a perda de minha mãe tem sido um desafio diário. Não houve dia nestes anos todos que ela não se fizesse presente na mente, apontando para a sua existência laureada de bons exemplos e de carisma. Não houve dia em que não sentisse a sua ausência tão prolongada. Parece que o tempo passou a ser contado a.m. e d.m (antes de morrer e depois de morrer). Não há felicidade completa, família toda reunida, vitórias completamente celebradas ou realizações completamente satisfeitas com a ausência definitiva e decisiva de mamãe. Porém, assim como a Ceia do Senhor serve para "anunciar a morte do Senhor ATÉ QUE ELE VENHA", a nossa sensação de ausência serve para mostrar que um dia a morte será vencida e que "ESTAREMOS TODOS JUNTOS NOVAMENTE" no Senhor. Não fomos criados para ficarmos separados, mas unidos, e essa união em Cristo há de concretizar-se no tempo de Deus.
 
Cabe a nós manter a estrela de quem amamos brilhante em nossa memória, mas não tão brilhante que ofusque a abóbada celeste, impedindo-nos de ver tudo o que nos restou, as concessões que ganhamos e as novas estrelas que passaram a brilhar no céu. Eu, particularmente, ganhei do Senhor uma esposa de valor incalculável, digna, santa,  amorosa, fiel, dedicada e absolutamente consagrada a Deus. Quisera que mamãe a tivesse conhecido! Porém, sem sombra de dúvida, Elaine é também resposta às orações de minha mãe, cujos balbucios matinais apresentavam ao Senhor o meu futuro, e sempre suplicava para que eu não ficasse sozinho e não fosse infeliz. Deus a atendeu! Aleluia!
 
Talvez o meu leitor conviva com a ausência de alguém que lhe foi muito amado e querido. Um filho, uma esposa, um avô, um amigo, um professor, um pastor. Talvez a dor da ausência seja dramática, desestimulando a própria continuidade da vida. Quero instar com você para que atente na fidelidade do Senhor: Ele não nos deixará nem órfãos, nem sozinhos, nem ausentes, nem distantes daqueles a quem amamos. Ele foi nos preparar uma morada, Ele voltará para nos levar, Ele nos ressuscitará pelo Seu poder e Ele sabe nos consolar. Que possamos transformar as nossas chagas doloridas de saudades em lindas rosas que exalam o perfume da nostalgia, que perpetuam os momentos dóceis e abençoados que vivemos ao lado de quem amamos.
 
O nosso Mestre Jesus é o Senhor da Ressurreição. Ele há de ressuscitar os que levou consigo. Ele nos consola.
 
Wagner Antonio de Araújo

memórias literárias - 253 - O QUE EU FIZ COM O MEU DIA?





01 - 01/08/2010

O QUE EU FIZ COM O MEU DIA?

253

Quando chega a hora de dormir geralmente pensamos se o dia realmente valeu a pena.

Valeu a pena ter brigado? Talvez por uma vaga no estacionamento do shopping, talvez por um lugar à fila do banco; talvez por uma divergência de opinião na empresa; talvez por uma palavra mal falada com o cônjuge; talvez por um conselho não aceito pelo filho. Quantas vezes brigamos durante o dia e quando a ira esfria nós dizemos: “não precisava ter sido desse jeito”.

Valeu a pena ter exagerado? Combinamos de fazer um regime e exageramos no jantar. Tencionamos não gastar tempo no videogame e, quando vimos, já gastamos uma hora na frente do monitor. Combinamos de ler a bíblia e orar, buscar a presença de Deus e agora acordamos para o fato de que nada, absolutamente nada mudou. Ficamos até altas horas na televisão, celular, computador... 

Em um dia foi declarada a Paz Mundial no fim da Segunda Grande Guerra. Também em um dia Nagazaki foi destruída. Em um dia as Torres Gêmeas vieram ao chão; mas em um dia caíram os muros de Berlim e a liberdade política chegou para o Leste Europeu. Um dia. Ah, o que poderíamos ter feito com um dia inteirinho bem vivido!

Em nossa história há dias que marcaram tanto! Um passeio com a família; o dia do diploma; o dia em que conhecemos a pessoa amada; o dia da admissão; o dia da conversão e do batismo; o dia da morte de alguém que tanto amávamos. Um dia pode ser algo corriqueiro, mas pode ser também um dia mais do que especial. Pode ser mais um dia, mas pode ser "aquele dia"!

Diz a Palavra do Senhor: Este é o dia que fez o Senhor; regozijemo-nos, e alegremo-nos nele. (Sl 118:24). O dia é uma dádiva, um presente, uma bênção. Desde que ele começa até o instante em que termina é um bem incomensurável; o moribundo daria toda a riqueza do mundo para comprá-lo de nós, para obter um tempinho a mais. Mas nós não podemos aumentar um côvado à nossa vida. Por isso o dia foi dádiva das mais preciosas! Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal (Mt 6:34)

Gastar o dia de hoje a remoer o mau dia de ontem é perder o precioso tempo. O dia de ontem não voltará. Irmãos, quanto a mim,... uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo... (Fp 3:13)

Gastá-lo na expectativa do amanhã é tolice e loucura, pois, como citamos, cada dia tem o seu próprio mal. Cada dia se basta. Dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano; (Lc 11:3)

Cabe-nos usar o dia do jeito certo: Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças... (Ec 9:10) Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que andares. (Js 1:9)

Lembre-se agora da oração do Pai Nosso. Exalte ao Senhor, dando-Lhe a glória. Louve-o pelas provisões. Peça perdão, perdoe e se perdoe. E peça a proteção divina para a sua vida. Apresente os seus amigos em oração. Deixe os seus planos nas mãos do Senhor. E descanse nele! Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus; (Sl 46:10)

Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação da sua face. (Sl 42:5)

Tenha certeza de que o dia de amanhã será melhor.

Tenha uma ótima noite!

Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco SP


memórias literárias - 252 - A CAMA


 


 
A CAMA
252
 



 
A CAMA
Fui deitar-me.
Puxei os cobertores e enfiei-me no meio dos  lençóis.
Tentei arranjar-me durante uns dez minutos, mexendo-me em todos os sentidos, até que, triunfantemente, acomodei-me, tendo encontrado a posição ideal!
Então veio a triste lembrança: esquecera-me de ir ao banheiro!
Novamente levantei, colocando a perder todo o esforço que fizera para arrumar-me no leito.
Após a realização da minha atividade típica de W.Cs pré-sonos, voltei e deitei-me de novo.
Pensei com os meus botões, digo, com o único botão do meu pijama: "Será que tomei o remédio?"
Um tanto alterado no humor, levantei-me, para tomar a droga de comprimido. Voltei para a cama, na esperança de, enfim, encontrar alento à minha luta titânica em prol do descanso.
Agora o sono me fugia. "Contar carneirinhos". Mas, carneirinhos são chatos. Decidi contar CDs, muito mais interessantes. Então comecei: "1, 2, 3, 4 , MIAU..." - "MIAU?" Que número era esse?
"MIAU", escutei novamente. Era um casal de gatos namorando em cima do muro da frente de minha casa. Os empestiados estavam namorando sem respeitar aos pobres humanos que tentavam dormir. Gritei com eles: "Fora, chô, desapareçam!" Mas, quê, quem os tirava do "meu bem, meu amor?" Apelei para a violência: peguei uma velha régua escolar e arremessei-a com força: arrebentei a régua e eles não foram atingidos... Por fim, foram-se. Voltei ao leito de dor...
Lembre-me que havia deixado a torneira do banheiro pingando. Ah, fui até lá para conferir. Voltei para a cama. Deitado, pensei: "Onde será que deixei a minha carteira?" Larguei os cobertores já enfezado e coloquei-me a procurar a dita cuja. Abri gavetas, mexi nos armários, revirei a biblioteca, desarrumei papéis e, por fim, fui encontrá-la no bolso da calça, onde tradicionalmente a coloco. Que raiva!!
Deitei de novo. Estava apertado. Precisava ir novamente ao banheiro. Fui e voltei. Quando estava adormecendo, um bendito pernilongo (muriçoca) começou a zunir na minha orelha. "Aja paciência!", eu já estava desesperado. Dei 5 tapas no rosto, com força, e não matei o infeliz! Fiquei com a cara vermelha. Levantei três vezes, perseguindo-o até a sala. Na terceira consegui vencê-lo.
Pensei então que agora tomaria os louros da vitória: finalmente iria dormir!
Foi quando ouvi, feito uma bomba atômica, o despertador tocar. Era hora de levantar.
Droga!!!
Pr. Wagner Antonio de Araújo
(baseada em texto que escrevi em 1985, num concurso literário do colégio onde estudei.).
Formatação de Meire Michelin, da lista "Em Nome do Amor", a quem agradeço.
(Imagem de base: Anne Geddes - http://www.annegeddes.com

memórias literárias - 251 - A VELHA MÁQUINA DE ESCREVER



republicação

A VELHA MÁQUINADE ESCREVER

251
No meio dos livros antigos encontro a minha pasta velha. Uma pasta de cartolina, amarela, com elásticos. Seu plástico está todo riscado, esfolado, seu papelão está amassado, rasgado, fruto dos muitos anos de serviços que ela me prestou.
Ali eu encontro sermões manuscritos, do meu tempo de presidente de mocidade, tempo de seminarista tempos de Igreja Batista em Sumarezinho, Igreja Batista de Vila Mirante e Igreja Batista de Vila Souza, todas na capital paulista.
Velhos tempos! Sermões simples, feitos com canetas coloridas e grifados com giz de cera. Eram escritos em folhas de sulfite, dobradas ao meio, as quais eu levava em minha bíblia. A imaginação viaja. Relembro velhos púlpitos que ousaram confiar num adolescente pregador. "Sai da Caverna", "Defina-se diante de Deus", "Quente ou Frio?", "Levanta-te e Anda", são alguns manuscritos já rasgados e amarelados pelo tempo. Quanta saudade!
Continuo sondando o conteúdo da minha relíquia. Encontro os meus sermões do início do pastorado, numa época pré-informática, onde, senão usássemos a caneta, usávamos a máquina de escrever. Alguém ainda se lembra dessa velharia? Meu pai tinha uma Remington preta, antiga e quase centenária. Depois compramos uma portátil, e, por fim, a minha Olivetti verde e portátil, que tão útil me foi!
Meus velhos sermões datilografados! Eu escrevia os títulos primários e secundários com a fita vermelha, e o restante com a tinta preta. Quando errava, ou furava o papel tentando apagar ou passava o "branquinho", uma tinta branca corretiva, que nunca era da mesma cor da folha usada. Lá estão os borrões, saudosos borrões, escondendo o cuidado em levar ao púlpito o melhor que pudesse, ainda que o meu melhor fosse tão limitado!
Para grifar partes do texto, usava aquele famoso risco preto depois de escrever.  Para transcrever um texto bíblico usava aspas, pois não havia itálico. Para anotar ilustrações, a deficiência de quem não soube colecioná-las: "falar agora a ilustração da laranja" - "que laranja?", pergunto agora, 30 anos depois. A laranja já secou há muito, e eu não me lembro do que falava! Por vezes o papel era fino demais, e eu colava duas sulfites, procurando engrossá-lo mais, para não voar durante a pregação. Certa feita fui buscá-lo na porta da igreja, no meio de uma pregação, sob o riso simpático e condescendente dos presentes ao culto. Alguns sermões na pasta estavam com cor de terra, oriunda de acampamentos de jovens e adolescentes em que fui conferencista. Outros estavam com sinais de marca d'água, não feitos por carimbos de ferro, mas por lágrimas derramadas ou gotas de suor durante a pregação.
Ah, a minha velha máquina de escrever! Parece que a inspiração era mais profunda quando nela eu escrevia, parece que a responsabilidade de escrever sem errar, num equipamento sem a tecla "DELETE", me dava uma felicidade maior, uma decisão mais firme de fazer certo uma única vez. Hoje, mesmo nesta crônica, perdi o número de "DELETEs" que já utilizei. Imaginem usar borracha, gilete ou branquinho tantas vezes numa folha de papel...
A máquina de escrever está aqui, no escritório, fechada na capa plástica há 7 anos. Nunca mais a utilizei. Sua fita de tinta deve estar ressecada, nem sei se encontrarei "refil" com facilidade, no mercado. Mas, como prova de outros tempos e testemunho de que é possível vencer as dificuldades, cá está ela, inteira, funcionando, pronta para tornar-se o "plano B" numa eventualidade. Ela me faz lembrar das origens do ministério.
Voltar às origens é algo que, de quando em vez, temos de fazer. Muitas vezes nos tornamos tão amargos, tão diferentes, tão metidos à adulto, que perdemos as nossas características de espírito e temperamento! É como quando encontramos velhos amigos, amigos de outros tempos, que fazem cara feia ou tratam o outro com desdém, pessoas que, antigamente, trepavam juntas em árvores para apanhar frutas ou chutavam bola nos campinhos da periferia. Hoje se julgam muito cultas, muito adultas, muito importantes. Acho que é por isso que alguns pastores, no afã de justificarem tantas mudanças, gostam de trocar de nome, de denominação, de sistemas. Estão enjoadas de serem tão diferentes do que eram! Pensam que agora só lhes resta mudar de nome. Mas no inconsciente sonham com os dias do passado, sonhos doces de um tempo que não volta mais!
Vem bem à calhar a admoestação do Senhor, feita na epístola à Éfeso, em Apocalipse 2.5: "Lembra-te, pois, donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; e se não, brevemente virei a ti, e removerei do seu lugar o teu candeeiro, se não te arrependeres.", porque "abandonaste o teu primeiro amor" (Ap 2.4).
Acho que a minha velha máquina de escrever me diz coisas, ela, que não tem boca, mas que fala tão profundo! Ela me diz que devo ser tão dedicado ao ministério quanto o fui no início. Ela me diz que devo fazer, dizer e escrever coisas tão relevantes, como o fiz no princípio. Ela me diz que a humildade deve ser a marca da minha autenticidade, porque o valor do meu trabalho não está no equipamento que uso, mas naquilo que faço, como o foi com as coisas que nela eu escrevi, uma máquina simples em papel medíocre, mas palavras que atravessaram décadas, não por terem sido ditas por mim, mas por terem sido feitas sob a orientação de Deus e sob forte desejo de fazer o melhor. Ela diz que a simplicidade é a coisa mais bela e permanente. Já tive 3 computadores, não senti amor por nenhum, pois são máquinas impessoais. Mas a minha velha máquina, simples, barata, limitada, está aí, como membro do meu escritório e equipamento da minha vida.
Será que nós não temos agido também como computadores? Será que não nos fizemos tão descartáveis quanto eles, nos lugares onde trabalhamos, nas igrejas onde congregamos, entre os amigos com quem convivemos? Será que não somos complexos demais? Será que não temos uma casca de primeira e uma polpa vazia?
Você, respeitável leitor, não teria uma máquina de escrever da qual se lembrar? Quem sabe tenha sido muito mais simpático e cordial no passado, mas agora tem se tornado um ser complicado, complexo, orgulhoso, cheio de detalhes e cerimônias, sorrindo o sorriso amarelo da educação fria, sem perceber que há um coração e uma alma dentro de si? Quem sabe não seria a hora de voltar a ser simples, cordial, amigo, ter tempo para gastar com as pessoas que lhe são queridas? Falando de pastores (eu sou um, sei bem onde os nossos calos apertam...) muitos tornaram-se, em sua profissão, "profissionais", no sentido pejorativo da palavra: são administradores, professores, pregadores, gestores, conselheiros, etc. Contudo, não sabem amar. E quando forem embora de suas igrejas, não deixarão saudades, porque ensinaram suas comunidades a ver no pastor um "profissional", não um amigo, um pai, uma companhia imprescindível, um companheiro. Há igrejas delegando ao departamento de recursos humanos de uma empresa tercerizada a escolha de seu pastor: ele tem que preencher um "perfil profissional". Foi-se o tempo em que tinha que preencher o coração da igreja e ser a jóia do coração de Deus. Resultado: igrejas grandes (e outras pequeninas), mas igrejas frias.
É hora de voltarmos às máquinas de escrever. É hora de arrebentar pipocas, abrir uma tubaína e chamar a família para um gostoso bate-papo. É hora de revalorizar o púlpito e tudo o que se faz. É hora de cultivar as coisas antigas que abandonamos, coisas boas, claro. É hora de trazermos as cores do passado de volta aos nossos olhares. É hora de pegar a agenda velha de telefones e ligar para quem foi importante para nós. É hora de rever as fotos que eternizaram momentos desde há muito esquecidos, é tempo de agradecer a Deus por tantas experiências já vividas. E trazê-las de volta, ainda que com roupagem nova, madura, atual.
Fechando a minha pasta amarela, amarelada e velha, fecho também um acordo diante de Deus e comigo mesmo: preciso voltar "ao primeiro amor".
E você?

Pr. Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP

10/04/2002

sábado, 26 de setembro de 2015

memórias literárias - 250 - ESTOU TÃO SÓ ... ESTOU?

ESTOU TÃO SÓ...
ESTOU?
250
 
 
 

Eis que chega a hora, e já se aproxima, em que vós sereis dispersos cada um para sua parte, e me deixareis só; mas não estou só, porque o Pai está comigo. (Jo 16:32)
Há uma diferença enorme em ESTAR SÓ  e SENTIR-SE SÓ.

Um idoso sente-se só quando os seus contemporâneos falecem e quando os seus parentes atuais não têm com ele vínculo algum a não ser o sanguíneo. Ele olha para todos os lados, pensa em sua agenda de telefones, busca na memória algum amigo do coração e não encontra nenhum. Então, com um olhar distante, com a face entristecida, ele olha para a rua, da janela, e pensa: “como eu fui ficar assim tão só?”

Um apaixonado sente-se só quando discute e rompe com a sua amada. Pode ser uma namorada, uma noiva, e, não raras vezes, com a própria esposa. Até então havia motivos para desavenças; bastou sentir que não está em comunhão plena para descobrir o vazio profundo e o buraco no coração. Ele sente a falta. Ele chora, ele lamenta, ele ora, ele sofre. Ele diz: “por que eu fui ficar assim tão só?”

Um estrangeiro sente-se só quando não tem com quem relacionar-se em seu próprio idioma, alguém com quem tenha coisas em comum, que goste das mesmas coisas, que conheça os mesmos lugares. Neste sentido há uma canção inesquecível chamada VERDE VINHO do cantor Paulo Alexandre, que conta e canta sobre a dor terrível no coração de um português emigrante, que, longe da terrinha amada, procura uma taverna com recordações da aldeia que deixou além-mar. Seu refrão diz:
 
"Vamos brindar / com vinho verde que é do meu Portugal / e o vinho verde me fará recordar / A aldeia branca que deixei  atras do mar /
Vamos brindar / com verde vinho pra que eu possa cantar / Canções do Minho que me fazem sonhar com o momento de voltar ao lar."

 
Sentir-se só é algo inerente ao ser humano, que é uma criatura sociável. Não fomos criados para o isolamento, para a vida solitária. Deus nos criou para termos o mesmo que Ele tem consigo próprio: comunhão. O Pai, o Filho e o Espírito Santo vivem em perfeição de comunhão, e nós, seres humanos, também fomos criados para suprir-nos uns aos outros de afeto, de companhia, de alegria, de cuidados, de atenção.

Há duas coisas que podemos fazer quanto ao SENTIMENTO de solidão.

A primeira é convencer-nos de que, conquanto nos sintamos sós, não estamos realmente sós. Cristo disse: e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém (Mt 28:20). Também está escrito: Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade. (Sl 145:18). Se somos do Senhor, podemos até nos sentir sós (como Cristo que exclamou: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? (Mc 15:34)), porém afirmou categoricamente: E aquele que me enviou está comigo. O Pai não me tem deixado só, porque eu faço sempre o que lhe agrada. (Jo 8:29). A nossa fé não deve estar fundamentada no que sentimos, mas na fortaleza da Palavra, na Rocha da nossa fé: (Porque andamos por fé, e não por vista. (2Co 5:7)); Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho. (Sl 119:105)

A segunda é um ato profilático para evitar a infecção emocional daqueles que nos cercam, e a nossa também! É ser a companhia para aqueles que nos cercam. É deixar-se achar, é estar disponível, é ajudar a unir. Há pessoas que são capazes de manter unida uma família grande pelo simples fato de se tornar a ponte para todos. São pessoas que estão presentes, que se importam, que estão dispostas a ajudar, que buscam o contato, que não se intimidam com as agendas cheias, com os horários apertados e com a intoxicação da correria dos dias atuais. São aquelas mães que unem seus filhos e parentes com o seu carinho aconchegante; são aqueles pastores que mantém um rebanho unido com contatos pessoais afetuosos; são chefes que tratam os funcionários com humanidade; são professores que conseguem estabelecer vínculos afetivos entre ele e seus alunos, são pais que conseguem ser presentes aos filhos que geraram, participando de suas vidas.
 
Pessoas assim valem ouro! E nós somos chamados a sermos essas pessoas! Por causa dos meus irmãos e amigos, direi: Paz esteja em ti. (Sl 122:8) Em todo o tempo ama o amigo e para a hora da angústia nasce o irmão. (Pv 17:17) Mas há um amigo mais chegado do que um irmão (Pv 18:24)
Para não nos sentirmos sós (o que certamente acontecerá em algum momento) podemos ajudar outros a se sentirem acompanhados, a não se sentirem sós também. E aí teremos um autêntico dar e receber:
Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz (Tg 3:18)
Exercitemos a paz e espantemos a solidão!

Boa tarde!
 

Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco SP

memórias literárias - 249 - BEM-TE-VI

BEM-TE-VI

249
12/05/2009

Em minha última viagem à casa do Pastor Timofei Diacov, em Cafelândia, SP, a Tia Ruth, sua esposa, falou-me: “Está escutando esses piados? São os filhotes de bem-te-vis, que nasceram há alguns dias e que já querem cantar. Mas são novinhos”. Era um canto trêmulo, fino e baixinho, uma graça. Ouvíamos, mas não víamos.

Agora, aqui em casa, já por alguns dias percebi outros bem-te-vis jovens. Ao voltar da caminhada matinal vi sobre a antena o jovem bem-te-vi tentando cantar o seu frasear especial: “bem-te-vi”. Mas por ser inexperiente só consegue fazer a parte do “vi” e emitir alguns sons para o resto, desafinadamente e sem sentido. Faz uma semana que ele está tentando. Toda manhã, antes do sol nascer, lá está o passarinho treinando o seu canto, tão importante para a sua vida de pássaro: demonstrar que é adulto, atrair e cortejar uma fêmea, passar mensagens, etc. Ele poderia estar voando em alguns outros lugares, aproveitando o frescor da manhã. Mas julgou mais importante treinar até conseguir cantar. E ele conseguirá (se nenhum gato o comer).

Sem treinamento não há desenvolvimento. Há um custo a pagar pelas vitórias que alcançamos. Elas não são automáticas. Há muita coisa que necessita de treino, inclusive o nosso crescimento na vida cristã.

A salvação é gratuita para nós (tendo sido caríssima para Cristo, custando o Seu precioso sangue). Para sermos salvos não precisamos fazer nada, além de crer: “Jesus respondeu, e disse-lhes: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou.” (Jo 6:29). Crer é o elemento-chave para a salvação.

Mas para o exercício da fé, para o crescimento espiritual, para a vitória sobre o pecado, é necessário perseverar, lutar e treinar.

Quem não costuma orar não conseguirá ser um grande orador na primeira tentativa. Mas não deve desistir. Deve aumentar o seu tempo a sós com Deus o quanto for necessário, até que seja um íntimo buscador do Pai em oração: “Por esta razão, nós também, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós,”(Cl 1:9); “Orai sem cessar.” (1Ts 5:17)

Quem não costuma ler a bíblia deve treinar, perseverar e não abandonar o estudo bíblico sistemático. Sem bíblia não há Palavra de Deus na vida do crente. Talvez demore até sentir gosto e prazer, mas deve ler mesmo assim. “Persiste em ler, “(1Tm 4:13) “Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra.” (Sl 119:9)

Quem não luta contra as tentações nunca as vencerá. Sempre terá uma boa desculpa e nunca terá paz em seu coração. Prostituição, preguiça, glutonaria, fofoca, mentira, frieza espiritual e outras obras da carne são tentações a vencer. Talvez hoje não as tenha dominado completamente e então pensa em desistir.  NÃO DESISTA! Continue orando, enfrentando e tentando! Quem persevera, luta, enfrenta e mantém-se atento no Senhor, obtém a vitória. “Bem-aventurado o homem que suporta a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam.” (Tg 1:12); “E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências”. (Gl 5:24)

O bem-te-vi jovenzinho está treinando toda manhã. Ele conseguirá. Lute e treine para ser um crente vitorioso e cheio de dedicação, e também vencerá.
 
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco SP


memórias literárias - 248 - VITÓRIA ANTECIPADA

A VITÓRIA
ANTECIPADA

248



Porque todo o que é nascido de Deus vence o  mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé.
(1Jo 5:4) 
A vitória vem antes da batalha propriamente dita. Ela começa na certeza de que não só lutaremos, mas conseguiremos atingir os nossos objetivos.

A fé instrumental, colocada por Deus em nossa mente, faz com que uma auto-imagem sadia, uma auto-confiança bem fundamentada e um otimismo balanceado consigam verdadeiros milagres em nosso viver. Mau usada, essa fé instrumental é capaz de nos derrubar e levar ao extremo fracasso. Torna-se autocrítica destrutiva, desconfiança em si mesmo e pessimismo diante dos problemas e dificuldades. “Porque aquilo que temia me sobreveio; e o que receava me aconteceu.” (Jo 3:25) Viver a temer algo é como se disséssemos: “creio que esse algo irá acontecer inequivocamente”. “Tocou então os olhos deles, dizendo: Seja-vos feito segundo a vossa fé.” (Mt 9:29)

Mas a fé instrumental tem limites. Ela não gera a fé salvífica, nem tampouco o dom da oração da fé. Esses são dádivas do Espírito Santo, que o crente tem e pode receber mais, na medida em que deposita inteiramente a sua confiança naquele que não poupou o seu próprio filho em favor de nós.

Ele dá a vitória. Não há na bíblia texto algum que prometa derrota sobre derrota para o crente em Jesus. Não é um estado de normalidade viver fracassando, perdendo, tombando, sendo destruído. Na verdade, toda vez que as Escrituras falam de queda, ou é por juízo contra algum pecado, ou uma queda passageira, da qual logo nos levantaremos, para a glória do Senhor. “Porque sete vezes cairá o justo, e se levantará; mas os ímpios tropeçarão no mal.” (Pv 24:16)

O seu concorrente não irá destrui-lo. O mundo é bem grande para suprir a ambos de clientes. Não tenha medo. Trabalhe com seriedade, com alegria, com segurança, com a certeza dos bons resultados. Fazendo isso, criará um clima ao seu redor e junto de seu empreendimento, que impedirá a recepção dos dardos inflamados do maligno. Você terá a bênção espiritual, emocional, psicológica, e atrairá bons clientes e bons negócios. O concorrente fez-lhe macumba, ofereceu suborno, negociou propinas? Não tenha medo: “Prepara-se o cavalo para o dia da batalha, porém do Senhor vem a vitória” (Pv 21:31)

A combinação da fé, tanto instrumental quanto dotada, nos faz antecipar a vitória, com humildade, temor e tremor, e ir ao campo com o resultado certo. “Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do Senhor nosso Deus.” (Sl 20:7)

Hoje é o dia da vitória. Hoje é o dia da fartura. Não tenha medo. Há um Deus na vida daquele que teme o Todo-Poderoso, e ele sabe guiar os seus filhos aos pastos verdejantes, às águas tranqüilas. Ele sabe atravessá-los ilesos no campo da batalha, ainda que mil caiam ao lado e dez mil à direita. Ele, e somente Ele, tem autoridade para abrir e fechar portas, atrair e afastar clientes e pessoas, abundar ou escassear uma lavoura. “Se quiserdes, e obedecerdes, comereis o bem desta terra.” (Is 1:19) Israel dos tempos de Isaías, não quis. Mas nós queremos! Que venha a vitória, em nome de Jesus!
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

memórias literárias - 247 - CONSIDERE SEUS AMIGOS


CONSIDERE

SEUS

AMIGOS

247

O amigo de trabalho avisa: estou saindo e vou para outra cidade. Você imagina: em cinco anos prometi várias vezes que iríamos almoçar juntos e nunca tive tempo! O pai morre e o filho descobre que não deu a ele a atenção devida. A esposa pede o divórcio e agora o marido desespera-se em busca de terapias fantasiosas que lhe cubram de todo o tempo que perdeu em desatenção.
Somos egoístas e pensamos muito mais em nós mesmos do que nos outros. Os outros estão sempre em segundo plano. Alguém nos escreve e nós deixamos para responder quando e se tivermos algum tempo de sobra, algum resto para investir. Se não encontramos esse tempo disponível damos a constante desculpa: "estava muito ocupado, muitos compromissos, estive sobrecarregado com os afazeres". E assim os filhos se afastam dos pais, os pais dos filhos, os amigos dos amigos e os crentes da igreja. Há pastores que só pensam em si, esquecem-se dos membros e dos colegas e depois reclamam do ministério.
Precisamos dar atenção às pessoas! A regra máxima do cristianismo é amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Amamo-nos tanto que tomamos banho, engolimos remédios, fazemos refeições, buscamos o lazer e tentamos desfrutar de conforto. Se fazemos assim conosco, devemos fazer pelos outros também. Porque amar aos outros como a nós mesmos exige maior atenção, maior destaque, maior investimento.
Telefone para os seus amigos sem ter outro interesse senão saber como estão. Responda os e-mails que lhe foram dirigidos com consideração e dedicação. Lembre-se de datas especiais na vida dos demais. Não relegue a atenção apenas ao seu tempo livre que nunca virá. Não engane e não se engane, você não faz mais porque não quer. Querer é poder. Assim, se quiser, poderá dar aos seus amigos muito mais do que dá hoje. Reclamamos que fomos esquecidos, mas de quantos também nos esquecemos? É a lei da colheita.
Faça hoje com que o dia valha a pena, dando aos amigos a atenção que gostaria de receber.
Wagner Antonio de Araújo

Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuíba, São Paulo, Brasil

memórias literárias - 246 - NÃO TENHA PRESSA


NÃO TENHA

PRESSA

246
Lá na frente da estrada um carro batido na árvore. Motivo: seu condutor estava com tanta pressa que não chegou! A cozinheira deixou queimar o bolo porque estava com muita pressa para fazer os brigadeiros e outros doces; terá serviço dobrado. O funcionário digitou os valores nos campos errados e agora o serviço volta à mesa, tendo que começar tudo de novo.
Pressa! Vivemos com pressa! Tempo é dinheiro! Os caminhões na estrada, à noite, chegam a levantar pequenos objetos soltos no acostamento, pelo vento que geram com seus caminhões em extrema velocidade! O jornalista tem que retificar a notícia porque na pressa de informar falou inverdades ou enganou-se. Aquele homem sofreu um infarte fulminante porque estava com muitos compromissos ao mesmo tempo. Não aguentou e morreu. O pastor entrou em depressão profunda pela estafa adquirida com o excesso de trabalho (visitas, escritório, aconselhamento, administração, construção, funções denominacionais).
A pressa estraga tudo. Pela pressa famílias inteiras morrem na estrada numa ultrapassagem imprudente. Pela pressa esquecemos coisas importantes em casa, na viagem que fizemos. Foi a pressa que nos fez responder erradamente aquele teste tão importante para o nosso curso, para a nossa carreira. Foi devido a pressa que sofremos uma indigestão perigosa, colocando em risco a vida.
Calma e tranquilidade. Fazer uma coisa de cada vez e bem feita. Essa é a receita de um dia feliz. E isso sem a necessidade de remédios, de calmantes, de relaxantes. Todos temos 24 horas diárias e ninguém tem mais que isso. Fazer bom uso disto é tarefa nossa. O bom uso passa por não entupir-nos de coisas, mas fazer poucas e bem feitas. Sair mais cedo para não correr no trânsito; colocar menos coisas na agenda diária para fazer as tarefas bem feitas; não acelerar o curso do rio, que tem o seu próprio ritmo.
Quem se poupa e se organiza com menos coisas e mais qualidade produz muito mais. Não sofre quedas bruscas e afastamento por estresse. Consegue enxergar a longo prazo e não se desespera por questões momentâneas. O pé de couve cresce veloz, mas em 3 meses já deu o que tinha que dar, ao passo que a jabuticabeira leva décadas, mas produz extremamente mais e por muito mais tempo. O imediatismo produz inovação e descarte; já a vida serena produz as obras de arte que ficarão pelo resto da existência.
Escolha não ter pressa por hoje. E que o dia seja vivido na medida certa.
Wagner Antonio de Araújo

Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuíba, São Paulo, Brasil

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

memórias literárias - 245 - PENSAMENTOS QUE TRANSFORMAM


republicação

 
 
PENSAMENTOS QUE TRANSFORMAM
245


Se pararmos para pensar, verificaremos que é muito mais fácil pensar no que é mal, deixando de lado o que é bom. Quando toca o telefone numa hora imprópria, a primeira coisa que nos ocorre é “- Deve ser notícia ruim!”. Quando concorremos a algum concurso, dirigimo-nos a ele na expectativa de perdermos. Quando a pessoa amada atrasa para algum encontro, pensamos que houve algum acidente ou que existe alguma coisa encoberta. Nós somos assim.

Também, com tanta coisa ruim que adicionamos à nossa mente diuturnamente, não poderíamos esperar outra coisa. Nos dizeres bíblicos, nós nos alimentamos de “bolotas de porcos”, ou de “ração para porcos”. (veja a Parábola do Filho Pródigo, em Lucas, cap. 16). Quem cuida de nossas crianças durante a semana? Os programas de TV, repletos de duendes, bruxas, maldições, príncipes das trevas, etc. Quando não, elas aprendem a violência em seriados de mortes, bandidos, gangues, poderes das trevas, etc. Matar tornou-se território comum, do dia a dia.

E o que dizer dos casais? Sem darem conta do veneno que sorvem durante os horários nobres da semana, vão moldando suas vidas pelos autores das novelas, que criam estórias de acordo com o gosto da maioria. Como a maioria está ávida por sangue, adultério, prostituição, liberação moral e tudo o que não presta, resulta disto que as personagens encarnam tudo o que há de mais podre na sociedade. Aos poucos os gestos do marido se associam aos do artista. A mulher aprende como trair sem ser descoberta. Os filhos aprendem como usar drogas, se prostituir e andar na permissividade. Nos domingos a diversão é sensual: mulheres e homens na banheira, pagodes das danças obcenas, concurso de quem traz mais demônios em fotos, médiuns ou objetos, etc. Que escravidão!

Quem é cristão tem liberdade de escolha. Quem não é está escravizado a tudo isto. Quem é cristão pode dizer não e substituir tudo isto por coisas que edificam, que constroem, que trazem benefícios. Quem não é precisa obedecer ao seu dono, o Diabo, que o mantém atrelado a esta mente universal diabólica, que perverte costumes, caráter, personalidade e toda a sociedade.

A pena é que muitos que se intitulam cristãos são escravos também de tudo isto. Quando o pastor chega para uma visita correm desligar o televisor. Basta ele sair e tudo volta ao normal. Tencionam enganá-lo. Pobres cristãos carnais! Enganam-se a si próprios. Nunca terão paz duradoura. Nunca experimentarão a verdadeira felicidade.

Mais uma vez lembro-me de Salomão, o sábio de Deus,  que afirmou:  “Porque o homem é o que imagina ser” (Provérbios 23.7). NÓS SOMOS O QUE PENSAMOS!

Aquele que escolhe gastar os seus pensamentos na Palavra de Deus, nas coisas boas e decentes, naquilo que é direito, será um homem feliz: “Quem anda com os sábios será sábio, mas o companheiro dos insensatos se tornará mau” (Provérbios 13.20).

Não nos enganemos. “As más conversações corrompem os bons costumes” (I Coríntios 15.33). Quem vive de bar em bar torna-se boêmio e escravo da bebida. Quem vive com marginais adquire a malícia do crime. Quem abarrota a família de tudo que a TV mostra torna-a frouxa, instável e fadada ao fracasso.

Mas quem busca a presença de Deus torna-se feliz e fiel. Sua mente rejeita pensamentos de doença, pensamentos de tragédia, pensamentos de maldade. Ele está envolvido pela atmosfera celeste, e tudo quanto pensa lhe traz paz. Ele vai à igreja, louva ao Senhor, administra com sabedoria o seu tempo e investe pesado na formação moral da família. Ele é uma pessoa feliz.

Se você é um cristão, volte ao bom senso. Lembre-se da ordem bíblica: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.” (Filipenses 4.8).
 
Que Deus nos abençoe.
 
Amém.

Pastor Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas, Osasco, SP
(publicado em 1996, em jornal da cidade)

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

memórias literárias - 245 - A ESPERANÇA

 
 
 
 
 

 

A ESPERANÇA
 
245 

Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor (1Co 13:13)

O Apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, disse-nos que quando tudo terminasse restariam 3 grandes virtudes, 3 bênçãos e atributos da própria existência em Deus: a fé, a esperança e o amor.

A ESPERANÇA é o segundo deles. Esperança significa expectativa, disposição de espírito no aguardo de alguma coisa.

Biblicamente a esperança é uma virtude cristã. Ela é gerada no coração do crente, quando este confia plenamente nAquele que fez as promessas nas quais se creu.”Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu.” (Hb 10:23). Esperança envolve fé, credulidade em quem prometeu e no que prometeu: “Em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos dos séculos;”  (Tt 1:2) A esperança é também escatológica, envolvendo o doce aguardo do Dia de Cristo, Sua volta gloriosa e a ressurreição dos mortos: "Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo;" (Tt 2:13)

Um homem cristão, chefe de família, é um homem movido e direcionado pela esperança. Não uma esperança qualquer, depositada em alguma falsa promessa ou por mera crendice. Um marido cristão bíblico é um homem de esperança firmada em Deus e em Sua Palavra. "Esforçai-vos, e ele fortalecerá o vosso coração, vós todos que esperais no Senhor " (Sl 31:24); "Porque em ti, Senhor, espero; tu, Senhor meu Deus, me ouvirás." (Sl 38:15)

Este homem íntegro é cheio de esperança, uma doce paciência na expectativa do melhor. "Esperei com paciência no Senhor, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor."  (Sl 40:1)

Ele é paciente e aguarda dia após dia a concretização dos ideais pelos quais lutou e orou. "E assim, esperando com paciência, alcançou a promessa." (Hb 6:15)

O homem cristão espera no Senhor, não no homem ou em promessas de pessoas que se julgam poderosas. "Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do Senhor nosso Deus." (Sl 20:7). "Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor!" (Jr 17:5)

Sua esperança é sempre pelo melhor, nunca pelo pior. Ele não cultiva pensamentos de fracasso, doença e infelicidade. "O coração alegre aformoseia o rosto, mas pela dor do coração o espírito se abate." (Pv 15:13). Esse homem enche a sua cabeça de bons pensamentos:  “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança” (Lamentações 3.21); "Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai." (Fp 4:8)

O marido cristão anima, incentiva e encoraja a esposa no exercício de suas funções e na busca de seus ideais. Ele enxerga oportunidades no meio das crises e razões melhores para as aparentes derrotas temporárias. "E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito." (Rm 8:28). Ele é capaz de encorajá-la numa calamidade (enfermidade, luto, perda de oportunidades); ele lembra o que Cristo disse a Pedro: "Respondeu Jesus, e disse-lhe: O que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois." (Jo 13:7)

O  homem cristão é capaz de amar, compreender, encorajar e despertar nos filhos os melhores ideais e as mais preciosas vocações. "Por cujo motivo te lembro que despertes o dom de Deus que existe em ti pela imposição das minhas mãos." (2Tm 1:6). Ao invés de lançar em rosto as derrotas momentâneas ou as incapacidades circunstanciais, ele caminha ao lado, passo a passo, buscando ajudar, encorajar, apoiar, fortalecer, orientar e animar. Tais filhos veem nesse pai crente um amor sincero e são capazes de progredir em decorrência da confiança sincera depositada. “Mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores” (Hb 6:9a). Exigir sem valorizar produz frustração e revolta. Pais cristãos não dão apenas a bicicleta; eles acompanham os filhos até o momento de tirar as rodinhas de segurança. E depois os deixam ir, acolhendo-os, caso se machuquem.

O marido cristão tem esperança escatológica. A salvação, a ressurreição, a volta de Cristo, são temas constantes de seus compartilhamentos com a esposa e filhos. E ele não apenas comenta; ele afirma e crê de coração: "Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras" (1Ts 4:18). Seus lares são postos de esperança, pequenas miniaturas de boas igrejas, onde há comunhão e graça em todas as suas esferas. "O justo anda na sua sinceridade; bem-aventurados serão os seus filhos depois dele." (Pv 20:7)

Que Deus nos dê, como homens cristãos e maridos bíblicos, um coração, mente e espírito azeitados pela Santa Esperança da nossa Vocação.

"Por isso também rogamos sempre por vós, para que o nosso Deus vos faça dignos da sua vocação, e cumpra todo o desejo da sua bondade, e a obra da fé com poder;" (2Ts 1:11)
 
Wagner Antonio de Araújo
 
 

 

memórias literárias - 1477 - CHORA, Ó RAQUEL...

  CHORA, Ó RAQUEL...   1477   Quando o Senhor Jesus Cristo fez-Se homem, nascendo do ventre de Maria, Herodes o Grande desejou matá-Lo...